A vitória frente ao Dínamo Kiev na última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões e o facto de ter conseguido chegar aos oitavos da competição mais uma vez pelos encarnados deixando agora de fora um Barcelona em crise profunda trouxeram visíveis e percetíveis mudanças no estado de espírito de Jorge Jesus, de confiança reforçada após ter alcançado um objetivo que, como o próprio afirmou após a partida com os ucranianos, só ele parecia acreditar em termos internos na altura do sorteio perante os nomes dos adversários em causa. E foi uma pergunta sobre isso e sobre um alegado mal-estar no clube depois dessas declarações, que levou o técnico do Benfica a deixar mais uma “aposta” para a Champions.
Gilberto pôs um banco, um estádio e uma equipa de pé (a crónica do Benfica-Dínamo Kiev)
“As vossas perguntas é que criam mal-estar… Eu desabafei, não foi com uma intenção negativa. Estávamos cinco pessoas a ver o sorteio, saiu-nos o Bayern, o Barcelona e pior não podia acontecer, foi o que dissemos. Quando disse ‘tremer’, era de frio… Se temo não jogar? O próximo jogo não sabemos com quem é. Não penso nisso, penso que se nos calhar o Real Madrid, se calhar vamos dizer a mesma coisa, não podia ter calhado um sorteio mais desfavorável, e eu se calhar vou dizer a mesma coisa, que vamos passar”, atirou o treinador dos encarnados, reforçando a confiança e apoio que sente ao seu trabalho.
“Reparem como está a ser o cenário das vossas perguntas… A verdade é o todo. Qual é a verdade? 26 jogos, 17 vitórias. Não é um jogo. O presidente do Benfica todos os dias está no Seixal, todos dias fala comigo, assiste aos treinos, quase todos os dias almoça comigo… Temos uma ligação profissional mas também de amizade. O que me interessa é a minha qualidade como treinador, a qualidade dos jogadores e a qualidade da equipa. Só assim hoje, amanhã e sempre, poderemos ter êxito desportivo. Não há mais nada que me preocupe, zero”, referiu, antes de falar também das notícias sobre o Flamengo: “Não posso fazer nada. É fácil saber o que se passa de um lado e do outro. Prefiro sentir o carinho nos sítios onde trabalho do que o contrário. Só se disser para as televisões não passarem o que se passa no Brasil. Que posso fazer?”.
Falando antes da viagem para o Norte, onde o Benfica defronta este domingo o Famalicão (18h), o técnico abordou também a questão dos lenços brancos e admitiu que a equipa podia ter mais pontos na Liga.
“Toda a gente gosta de ser acarinhado e nunca estive habituado a isso, muito menos no Benfica. Em seis anos nunca aconteceu, para mim é novidade, mas é a realidade. Tenho de tentar continuar a fazer com que a equipa ganhe, porque não posso fazer nada em relação ao que não depende de mim. Claro que não fico feliz, porque como lhe disse não é a primeira vez que estou a treinou o Benfica e em seis anos nunca tinha acontecido”, assumiu. “Se podia estar a fazer mais? Desses quatro pontos de atraso que temos, fazer mais era estar no primeiro lugar, que era o que achávamos que tínhamos e temos capacidade para estar. Podíamos fazer mais e estar em primeiro lugar, aí estou de acordo”, acrescentou.
“Depois de uma vitória é sempre mais agradável a semana de trabalho que se segue. Foi uma vitória que nos deu a passagem aos oitavos e deu uma projeção muito grande ao Benfica. Encheu a equipa de ânimo, mas partir do primeiro treino passámos a pensar no jogo com o Famalicão. Um jogo difícil, frente a uma equipa que tem uma qualidade de jogo que não condiz com a classificação que atualmente ocupa. Vamos a uma zona do país com muitos benfiquistas mas vai ser bem disputado. O Benfica quer continuar a ganhar e trabalhámos dentro do possível para preparar este jogo da melhor maneira. Vamos confiantes, com a intenção de trazer os três pontos”, abordou ainda sobre o próximo jogo.