O afastamento de Pizzi do primeiro treino após o clássico do FC Porto para a Taça de Portugal tinha sido uma das poucas informações confirmadas por parte de algumas fontes internas do Benfica ao Observador. A partir daí, nada parecia garantido. Nem o regresso do vice capitão ao trabalho com os companheiros, nem a continuidade de Jorge Jesus no comando técnico, nem o futuro a breve prazo do plantel dos encarnados. Sobrava, ainda assim, uma indicação: Nelson Veríssimo era a solução natural caso Rui Costa optasse por prescindir do treinador nos próximos dias. E foi isso que aconteceu, antes de novo jogo no Dragão. Com uma nuance, para alguns inesperada no atual contexto: foi o técnico que assumiu não ter condições.

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Esta manhã, quando se pensava que iria existir uma reunião entre Jorge Jesus e Rui Costa por forma a analisar a questão de Pizzi e a reação do próprio plantel ao afastamento do médio (um encontro que veio a acontecer mas com outros pontos em cima da mesa ligados à rescisão), o treinador já não deu o treino, informação que começou a correr esta madrugada no seguimento do caso que envolveu o internacional português. Os jogadores, que tinham chegado de manhã ao Seixal, deixaram o centro de treinos, devendo regressar à tarde para uma sessão orientada por Nelson Veríssimo, a penúltima antes do clássico.

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Quando estava concentrado com a equipa B numa unidade hoteleira do Norte, onde os encarnados vão defrontar na noite desta terça-feira o Feirense em Santa Maria da Feira a contar para a 16.ª jornada da Segunda Liga (num encontro que juntava os dois primeiros classificados do segundo escalão nacional), o treinador foi chamado para cumprir nova “missão” no plantel principal, à semelhança do que tinha feito no final da temporada de 2019/20 quando Bruno Lage foi dispensado antes da chegada de… Jesus.

Pizzi teve discussão no balneário do Dragão, foi afastado por Jesus no regresso e treinou à parte do plantel no Seixal

Jesus avançou com o pedido de saída numa conversa com o presidente dos encarnados ainda antes de o mesmo chegar ao Seixal depois de os jogadores se terem recusado a treinar esta segunda-feira, situação limite que aconteceu esta segunda-feira após o afastamento de Pizzi pelo que se passara no Dragão. Rui Costa conseguiu serenar os ânimos e o treino, o primeiro depois da derrota no Dragão para a Taça de Portugal, acabou mesmo por realizar-se cerca de uma hora após o previsto. Ao contrário do que se tinha passado após o último jogo com o FC Porto, onde algumas fontes explicaram ao Observador que a reação de Pizzi e posterior reação de Luisão tinham sido um pouco “empoladas” na sua verdadeira dimensão, o que se passou no regresso aos trabalhos teve contornos bem mais tensos e que levariam mesmo à saída de Jesus.

O treinador esteve reunido com Rui Costa, sendo acompanhado a partir de certa altura pelo seu advogado para que todos os pontos sejam discutidos e fixados na rescisão. O Observador sabe que, como acontece em vários casos semelhantes, aquilo que ficou acordado é que Jesus e restante equipa técnica continuarão a receber do Benfica até ao final do contrato, em junho, ou até assinarem por uma nova equipa, havendo a partir daí uma “divisão” que garanta que não fica a ganhar menos do que na Luz. Mais tarde, antes foram à sala de imprensa do Seixal assumir a rescisão com algumas palavras sem direito a questões.

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“A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD informa, nos termos e para o efeito do disposto no artigo 248.o-A do Código dos Valores Mobiliários, que chegou a acordo com o treinador Jorge Fernando Pinheiro de Jesus para a rescisão do contrato de trabalho desportivo com efeitos imediatos. Mais se informa que o treinador Nelson Alexandre da Silva Veríssimo assume, até ao final da presente temporada, as funções de treinador da equipa principal de futebol”, comunicaram os encarnados à CMVM ao início da tarde.

“O Sport Lisboa e Benfica informa que, de comum acordo entre as partes, Jorge Jesus já não é treinador do Benfica. A Sport Lisboa e Benfica SAD agradece a Jorge Jesus todo o trabalho desenvolvido ao longo do último ano e meio e deseja-lhe as maiores felicidades para o futuro. Mais acrescenta que cumprirá com todas as obrigações contratuais até ao término do vínculo laboral existente ou até que Jorge Jesus e a sua equipa técnica assumam novo compromisso profissional. Nelson Veríssimo assume hoje as funções de treinador da equipa principal do Benfica até ao final da temporada”, assegurou também sobre a saída de Jesus, através de um comunicado mas desta feita publicado no site oficial do clube.

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Um pouco mais tarde do que foi inicialmente previsto, Veríssimo orientou mesmo um treino com todos os jogadores disponíveis, antecedido por uma palestra no relvado. Nota também para a despedida de alguns elementos de Jorge Jesus, em privado no Benfica Campus ou através das suas redes oficiais.

Embora a sombra do Flamengo, que parece já ter tudo acordado com Paulo Sousa, esteja sempre presente, a verdade é que as últimas horas trouxeram um possível novo horizonte para o futuro do treinador: Cuca, que conquistou o Brasileirão com o Atl. Mineiro, deixou surpreendentemente o clube e poderá ter reaberto a porta do Brasil a Jorge Jesus. E, apesar de não ter havido ainda qualquer contacto direto, o treinador admite agarrar um outro projeto no país sem ser o do clube carioca caso o interesse avance.

Em paralelo, e sem nunca ter assumido essa postura (nem poderia fazê-lo, entenda-se), Rui Costa continua a preparar um plano B para o futuro do Benfica. E, segundo sabe o Observador, existem dois nomes que podem fazer parte das opções futuras dos encarnados com a certeza de que um dos desejados na Luz será um técnico que ainda não foi falado na imprensa. Ao contrário do que chegou a ser noticiado, a hipótese de ser um treinador estrangeiro não está descartada. Andrea Pirlo, ex-técnico da Juventus, foi um dos nomes já ventilados até pela relação que tem com o presidente do Benfica mas não foi equacionado.