O programa “Pé em Riste” da CMTV ia a meio, numa altura até em que se falava das reações da Federação polaca e de alguns jogadores ao pedido de rescisão de Paulo Sousa para rumar ao Flamengo, quando Aníbal Pinto, advogado e adepto do FC Porto, tomou a palavra. “Peço aqui só dois segundos para fazer um desafio ao Mauro”, comentou, falando para Mauro Xavier, executivo da Microsoft e adepto do Benfica. “Como está em linha com o Rui Costa, gostava que contrariasse esta informação que tive”, prosseguiu, olhando para o telefone enquanto ia anunciando um episódio que se tinha passado no treino dos encarnados.
“O Rui Costa foi hoje de facto ao balneário. E sabes porquê? Dizem-me que os jogadores do Benfica se recusaram hoje a treinar com Jesus porque afastou o Pizzi e os outros saíram do treino. O Rui Costa foi falar com os jogadores a pedir para aguentarem até ao jogo com o FC Porto porque depois ele sai e já não dá mais treinos”, referiu o comentador afeto aos azuis e brancos, reforçando depois que o treinador do Benfica tinha afastado um dos capitães e que isso teria desencadeado uma reação dos colegas.
Num ápice, o tema ganhou lastro no universo benfiquista. Ao Observador, algumas fontes confirmaram apenas que Pizzi tinha treinado à parte dos restantes companheiros esta segunda-feira de manhã, dia de regresso ao Seixal após o cancelamento da sessão prevista para a tarde de domingo e com todos os jogadores a testarem negativo à Covid-19 na sequência do positivo de Grimaldo na sexta-feira, depois do encontro no Dragão para a Taça de Portugal frente ao FC Porto. Tudo o resto, fosse um castigo interno, fosse a possibilidade de saída do jogador, não foi decidido ou falado esta segunda-feira, havendo mesmo a garantia assegurada de reintegração do capitão no restante plantel que prepara novo jogo na Invicta. Maior estranheza causou a forma como essa informação veio para o domínio público via Aníbal Pinto.
Foi no balneário do Dragão, logo após essa derrota por 3-0 com os azuis e brancos, que se deu o caso que motivou a ação de Jorge Jesus no regresso aos treinos. No regresso do relvado, Pizzi terá tomado logo a palavra e dito que não era admissível o Benfica perder da forma como perdeu diante do rival, reduzido a dez desde o final da primeira parte por expulsão de Evanilson por acumulação de amarelos. No fundo, o médio quase que pediu uma reação da equipa depois da eliminação da Taça de Portugal mas foi aí que Luisão, diretor técnico da equipa, respondeu ao internacional português dizendo que não se poderia colocar de fora de tudo o que tinha dito. Ao Observador explicam que o caso foi mais empolado do que na verdade se falou na comunicação social mas, ainda assim, levou a que Jesus não passasse ao lado.
Olhando para o lado do treinador, o caminho na Luz parece cada vez mais tornar-se num beco sem saída e o segundo jogo com o FC Porto numa semana poderá ser determinante para a continuidade no Benfica – e aqui o facto de o Flamengo ter optado por Paulo Sousa para futuro treinador não tem qualquer influência. As vozes internas que pedem a saída do técnico vão aumentando, a convicção de que poderá inverter a atual situação vai diminuindo e, mais importante do que isso, o caso agora com Pizzi potenciou as divergências no balneário que já se começavam a sentir. Os próximos resultados assumem outro peso, com uma certeza também que a administração da SAD já conhece: em caso de rescisão, Jorge Jesus vai pedir não só os salários até ao final da época como os prémios que estavam previstos no atual vínculo.
Esta terça-feira, o plantel dos encarnados volta aos trabalhos no Seixal para continuar a preparar o jogo com o FC Porto. A reintegração de Pizzi é um dado quase assegurado, a não ser que algo de estranho se volte a passar. Ainda assim, e dentro do ambiente de tensão que se vive, outras decisões poderão surgir durante o dia. E, à semelhança do que tinha acontecido antes do clássico da Taça de Portugal, toda a preparação do Benfica volta a ser marcada por um caso que nada tem a ver com o jogo frente aos dragões.