Lech Walesa sobreviveu numa Europa a recuperar da Guerra e, agora,aos 78 anos a História volta a colocá-lo à prova com a Covid-19 a dificultar aquela que era o seu ganha-pão: palestras motivacionais. Teve de cancelar todas as conferências e acabou em maus lençóis económicos, confessou aos media polacos Super Express. “Agora estou falido, porque recebo apenas 6.000 zlotys de reforma (cerca de 1.320 euros) e a minha mulher gasta, pelo menos, 7.000 por mês (aproximadamente 1.540 euros)”, disse, citado pelo Deutsche Welle.

“Ganhei dinheiro com capitalistas ocidentais”, fez questão de mencionar, admitindo cobrar de 10.000 euros a  100.000 euros por palestras no ocidente, pormenorizou.

Nick Gold, diretor do Speakers Corner, explicou ao mesmo jornal que no mercado das conferências “não há barreiras de entrada. Afinal, qualquer um pode auto proclamar-se orador”. Salvaguardou, contudo, que as palestras não acabaram, passaram sim para o online, salientando que “os oradores tiveram que reinventar-se e reimaginar as apresentações”.

Durante a entrevista ao Super Express, aquele que foi o primeiro Presidente da Polónia eleito pelo voto do povo, entre 1990 e 1995, perguntou abertamente aos jornalistas se havia vagas de emprego nos jornais, referiu o ABC.

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Não nega as culpas que tem na sua atual situação financeira, admitindo que não soube poupar nos tempos de prosperidade: “Houve momentos em que tinha dinheiro, mas depois gastava-o”. Como consequência, teve de explicar à família que no Natal ninguém ia receber presentes.

É outro alerta do grande ícone da democracria polaca e Nobel da Paz para a sua situação financeira. Em fevereiro, já tinha dito: «Se eu não conseguir encontrar algo rápido, terei de ir implorar para a porta da igreja». Em abril, Walesa tinha colocado um anúncio no site flexi.pl, onde até autógrafos oferecia:

“Um líder experiente, grande orador, vencedor do Prémio Nobel da Paz, presidente da Polónia entre 1990 e 1995, cofundador e primeiro presidente do Solidariedade, conduz reuniões e formações para lideranças, aceita convites para reuniões de incentivo em empresas, mas também em famílias, possíveis serviços publicitários, fotos conjuntas e autógrafos”, dizia o texto.