O Sporting ia de mal a pior, o FC Porto estava numa época atípica, o Benfica de Jorge Jesus tinha apenas um grande rival na luta pelo título que se chamava Sp. Braga. E, se dúvidas existissem, o encontro entre ambos na primeira volta mostrara essa realidade, com os minhotos a ganharem por 2-0 numa partida marcada por dois vermelhos em campo e por agressões no túnel que levariam a uma longa suspensão do médio Vandinho. Por tudo isso, e com três pontos de diferença, o jogo da segunda volta na Luz tinha uma importância maior na luta pelo primeiro lugar. Os encarnados ganharam por 1-0, com golo de Luisão em cima do intervalo, e não mais a distância ofereceu dúvidas em relação à vitória no final. Estávamos na temporada de 2009/10, a primeira de Jorge Jesus na primeira passagem pelo clube. Hoje, em 2022, volta a ser falado.
De acordo com a edição do jornal Expresso desta sexta-feira, o Fisco coloca em causa os contornos desse jogo no seguimento de uma comunicação do inspetor tributário Paulo Silva ao Ministério Público. Nesse mesmo relatório, o responsável aponta para uma alegada ligação entre a vitória do Benfica contra os arsenalistas e a compra e venda de Anderson Talisca. Em resumo, existem suspeitas de que os minhotos facilitaram.
Segundo Paulo Silva, há um processo a decorrer no DCIAP de Lisboa, no seguimento de uma denúncia anónima que apontava para o diferendo que existia entre a Britalar, empresa de António Salvador, líder dos arsenalistas, que construiu o centro de treinos do Seixal, e o Benfica. Ou seja, e de acordo com essa mesma denúncia, o Sp. Braga facilitava alegadamente em campo e as duas partes faziam um acordo extrajudicial.
Em paralelo, o Benfica teria também alegadamente recompensado pela mesma ação Bruno Macedo, hoje agente mas à data dirigente do Sp. Braga, em dois momentos distintos: na compra de Talisca ao Bahia, com uma comissão de 400 mil euros, e na venda de Talisca aos chineses do Guangzhou Evergrande, com uma parte de 5,3 milhões para a ARB Sport que pertence ao empresário e ao pai, Vespasiano Macedo – sendo que, neste último caso, esse valor terá posteriormente regressado à esfera do próprio Luís Filipe Vieira.
O Expresso adianta ainda que o inspetor tributário tentou juntar o processo que investiga as suspeitas de corrupção desportiva à operação Cartão Vermelho, uma intenção negada pela procuradora Joana César de Campos, que considera que existe apenas uma mera conexão processual e que ambas as investigações devem prosseguir mas por caminhos separados como tem acontecido até aqui.