Uma das consequências da erupção vulcânica é já clara: Tonga ficará pelo menos duas semanas sem internet, depois do único cabo submarino de comunicações – com a espessura de uma mangueira de jardim e cheio de filamentos –, que ligava as ilhas ao resto do mundo, ficar danificado. O governo confirmou esta terça-feira que as comunicações internacionais e domésticas foram interrompidas.

Este trabalho de manutenção requer a intervenção de um navio especializado no arranjo destes materiais. De acordo com a Reuters, citada pelo The Verge, o cabo tem 827 quilómetros de comprimento e é protegido por um transmissor nas Fiji (o segundo vizinho mais próximo de Tonga).

A embarcação mais próxima deste género é a Reliance, da empresa norte-americana SubCom, só que está atracada a 4.700 quilómetros de distância, na Papua Nova Guiné, e demorará dias a chegar a Tonga. De acordo com o Craige Sloots, o diretor de marketing e vendas da Southern Cross Cable Network – empresa que gere vários cabos submarinos na região – tal significa que pode levar ao todo duas semanas até que a conexão à internet em Tonga esteja consertada.

Para piorar o cenário, o cálculo dos danos da erupção vulcânica fica dificultado, já que só é possível entrar em contacto com Tonga através de telefones via satélite.

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Já em 2019, Tonga teve um apagão na internet e, como resultado, assinou um contrato de 15 anos com a operadora Kacific para proteger contra falhas futuras. No entanto, segundo um relatório do ZDNet, Kacific envolveu-se numa disputa contratual como o governo de Tonga e a conectividade via satélite nunca foi ativada.

Um cabo submarino quebra aproximadamente a cada duas semanas, refere o The Verge, mas o processo de reparação é demorado: é necessário localizar a falha, ir até lá – estando a grandes profundidades, implica o recurso a robôs –, e trazê-lo para a superfície para ser consertado.

Atualmente, 99% do tráfego internacional da internet é feito através de cabos submarinos, e estima-se que haja 436 cabos numa extensão de 1,3 milhões de quilómetros. No entanto, o incidente traz à tona a fragilidade da era moderna da internet e demonstra outra desigualdade entre países ricos e pobres: enquanto países como os EUA estão ligados ao mundo por vários cabos, nações mais pobres como Tonga contam apenas com um.