A mortalidade específica por Covid-19 (37,6 óbitos em 14 dias por 1.000.000 habitantes) apresenta uma tendência crescente” e “este valor corresponde a uma classificação do impacto da pandemia como elevado”. Estas são duas das principais conclusões do relatório das “Linhas Vermelhas”, divulgado esta sexta-feira pelo Instituto Nacional Doutor Ricardo Jorge (INSA) em conjunto com a Direção-Geral da Saúde (DGS), que usa como amostra o número de mortes relacionadas com complicações associadas à Covid-19 no início de janeiro.

Incidência cumulativa a 14 dias (por 100 000 habitantes), em Portugal, de 18/03/2020 a 19/01/2022. Fonte: BI SINAVE; Autoria: DGS

Quanto à vacinação, os dados são menos negativos. “As pessoas com um esquema vacinal completo tiveram um risco de internamento 2 a 5 vezes menor do que as pessoas não vacinadas, entre o total de pessoas infetadas em novembro”, referem a DGS e o INSA. E adiantam: “As pessoas com um esquema vacinal completo tiveram um risco de morte 3 a 6 vezes menor do que as pessoas não vacinadas, entre o total de pessoas infetadas em dezembro”. “Na população com 80 e mais anos, a dose de reforço reduziu o risco de morte por Covid-19 para quase seis vezes em relação a quem tem o esquema vacinal primário completo”, acrescenta-se.

Risco de hospitalização entre casos de infeção por SARS-CoV-2 / COVID-19 por estado vacinal, por grupo etário, em Portugal, entre 01/11/2021 e 30/11/2021. Fonte: BI SINAVE, VACINAS, BDMH; Autoria: DGS

De acordo com o mesmo relatório, “o R(t) apresenta valor igual ou superior a 1, indicando uma tendência crescente da incidência de infeções por SARS-CoV-2 a nível nacional (1,10) e em todas as regiões”. As regiões Norte e Algarve foram aquelas em que se registou o valor mais elevado do R(t) (1,14).

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Dados da análise de risco

Já quanto à incidência, “no grupo etário com idade superior ou igual a 65 anos, o número de novos casos de infeção por SARS-CoV-2 / COVID-19, por 100 000 habitantes, acumulado nos últimos 14 dias, foi de 1 764 casos, com tendência crescente a nível nacional”, refere a DGS. As entidades referem ainda que a “análise dos diferentes indicadores revela uma atividade epidémica de SARS-CoV-2 de intensidade muito elevada, com tendência crescente a nível nacional”.

Incidência cumulativa a 14 dias no grupo etário 65 ou mais anos (por 100 000 habitantes), em Portugal, de 18/03/2020 a 19/01/2022. Fonte: BI SINAVE; Autoria: DGS

“A pressão nos serviços de saúde e o impacto na mortalidade são elevados”, diz o mesmo relatório, referindo ainda que “é expectável impacto na sociedade em termos de absentismo escolar e laboral, um aumento de pressão sobre o todo o sistema de saúde e na mortalidade, recomendando-se a manutenção das medidas de proteção individual e a intensificação da vacinação de reforço.

Evolução da proporção de amostras positivas com falha do gene S (SGTF – S gene target failure; pontos a roxo), acompanhada da frequência relativa da variante Omicron (BA.1) obtida no âmbito das amostragens nacionais aleatórias por sequenciação (pontos a vermelho), durante o período de 1 de dezembro de 2021 a 19 de janeiro 2022 (data de colheita). Fonte: DGS e INSA

Como tem acontecido nas últimas semanas, “a variante Omicron (BA.1) é dominante em Portugal”, dizem a DGS e o INSA. Esta variante atingiu “uma proporção estimada máxima (~93%) entre 7-9 de janeiro de 2022”. “Desde essa data, tem-se verificado um decréscimo da proporção de amostras positivas com “falha” na deteção do gene S (indicador de caso suspeito de BA.1), possivelmente relacionado com a entrada em circulação da linhagem BA.2 (também classificada como Omicron pela OMS)”, referem as entidades de saúde.

Não vacinados com risco de morte três a seis vezes maior do que vacinados, revela INSA

A nível nacional, “a proporção de testes positivos para SARS-CoV-2 foi de 15,5% (na semana anterior foi de 14,0%), encontrando-se acima do limiar definido de 4,0% e com tendência crescente”, é também referido. Além disso, “observou-se um aumento do número de testes, para deteção de SARS-CoV-2, em especial testes rápidos de antigénio, realizados nos últimos sete dias”.

A média móvel da proporção de casos confirmados notificados com atraso foi de 7,5% (na semana passada foi de 15,6%), abaixo do limiar de 10,0%”, refere o relatório.

Por fim, “o número de casos de Covid-19 internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) no Continente revelou uma tendência estável, correspondendo a 60% (na semana anterior foi de 64%) do valor crítico definido de 255 camas ocupadas”, diz a DGS e o INSA.