A reentrada do satélite Starlink-2200 da SpaceX na Terra foi o fenómeno avistado na noite de domingo nos céus de Trás-os-Montes, revelou esta segunda-feira um investigador do Instituto de Astrofísica, acrescentando que este fenómeno não representa perigo para o planeta.
Em declarações à agência Lusa, o investigador Nuno Peixinho, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), explicou que o fenómeno, partilhado por populares nas redes sociais, “levava a crer que não era um meteoro, mas sim a reentrada na atmosfera de algum lixo espacial”.
“E, assim foi. Aliás, era o satélite Starlink-2200 da SpaceX e a sua queda estava prevista. Quase todos os dias reentram um ou mais satélites de órbitas baixas na nossa atmosfera. Desta vez, tivemos a sorte de o ver”, afirmou.
Segundo Nuno Peixinho, a reentrada de lixo espacial na Terra “não tem perigo”, ainda que seja feita a uma velocidade “rasante” à atmosfera.
“Um satélite que está em orbita à volta da Terra reentra com uma velocidade de cerca de 10 quilómetros por segundo”, esclareceu.
A par do fenómeno avistado pelas 22h00 a partir de vários locais de Trás-os-Montes, na madrugada de domingo reentraram mais dois objetos espaciais, “um na zona do Equador e outro mais a norte”.
“Está tudo programado para que estes satélites se vaporizem na reentrada, ou seja, não chega nada ao chão. A pressão aerodinâmica é de tal forma, que o ar comprimido sobe a mais de 20 mil graus de temperatura. A essa temperatura, o corpo aquece e evapora“, disse, esclarecendo que tal acontece também com as estrelas cadentes e o lixo espacial.
Ainda que este “pequeno lixo espacial” não represente perigo para a Terra, representa “para o espaço em si”, nomeadamente, para os astronautas, para a Estação Espacial Internacional, mas também para os equipamentos a orbitar a Terra.
“Só em 2020, a Estação Espacial Internacional teve de fazer três manobras para se desviar de lixo espacial que sabia que ia passar perto”, exemplificou.
À Lusa, Nuno Peixinho afirmou que o lixo espacial é um dos “desafios” que a astrofísica enfrenta, lembrando que vários países, como é o caso de Portugal, estão a investir e fazer “um esforço” cada vez maior para o detetar.
A par do lixo espacial, o investigador salientou que os satélites a órbitas baixas são também um desafio para o estudo do espaço, defendendo que é necessário “encontrar um equilíbrio”.