“Os nossos carros têm grandes pára-brisas e pequenos retrovisores”, afiançou o CEO da Lamborghini, Stephen Winkelmann, confirmando que o construtor italiano pretende concentrar-se mais no futuro do que no passado, apesar de admitir que “é importante conhecer a história”. Winkelmann defende que o importante “é ser inovador, disruptivo e inesperado”, acreditando o gestor que é aí que está o mercado.
Não é de estranhar esta postura de Winkelmann que, já em 2006, no seu primeiro período à frente da marca transalpina, se tinha oposto à produção de um modelo que retomasse as linhas do saudoso Miura, que surpreendeu o mercado em 1966, embora fosse esse o desejo de alguns clientes. A estratégia da Lamborghini mudou com a substituição de Winkelmann por Stefano Domenicali e tudo indica que, quando o primeiro regressou aos comandos da “Lambo”, em final de 2020, era já demasiado tarde para suspender a produção das 112 unidades do LPI 800-4 Countach, outro nome famoso da casa.
Lamborghini Countach LPI 800-4 esgotou em minutos (a 2,6 milhões cada)
Contudo, a produção do Countach moderno está longe do que se pode considerar um mau negócio. Baseado no Aventador, que é proposto por cerca de 410 mil euros antes de impostos, o LPI 800-4 Countach foi vendido por 2,26 milhões de euros e todas as unidades esgotaram numa questão de minutos, permitindo um encaixe muito interessante para o construtor.
Apesar das afirmações avançadas à Autocar, Stephen Winkelmann não é de todo contra os modelos rétro, desde que em doses reduzidas. Basta recordar que durante os seus anos à frente da Bugatti, o construtor francês produziu o Centodieci, modelo destinado a homenagear o primeiro Bugatti contemporâneo a ser construído (ainda antes de a marca ter sido adquirida pelo Grupo Volkswagen), o EB110, quando a marca era dirigida pelo investidor italiano Romano Artioli. No mesmo período, a Bugatti comercializou praticamente uma dezena de modelos especiais, que culminaram com o La Voiture Noire e o Bolide.
Os próximos anos serão de electrificação, com recurso a híbridos e híbridos plug-in, para antes do final da década surgirem os primeiros modelos 100% eléctricos. Isto irá obrigar a um forte investimento, em fundos e tecnologia, uma vez que a Lamborghini (tal como a Ferrari) registará na altura um enorme atraso face a fabricantes mais jovens e com menos reservas financeiras – mas com mais conhecimentos na tecnologia eléctrica –, como é o caso da Rimac.