O livro da autora canadiana Rosemary Sullivan que relata a investigação liderada por um ex-FBI sobre quem traiu a família de Anne Frank vai ter edição portuguesa. Esta sairá a 2 de março, pela HarperCollins Portugal, foi anunciado esta sexta-feira.
Publicado recentemente nos Estados Unidos da América, Quem traiu Anne Frank? revela as conclusões da investigação realizada por uma equipa especializada em casos arquivados, reunida por Pieter van Twisk, um produtor holandês, há seis anos. Vince Pankoke, um ex-agente do FBI do sul da Flórida, foi escolhido para liderar os cerca de 20 investigadores. Rosemary Sullivan, autora da biografia da filha de Estaline, foi contratada para contar a história.
De acordo com Quem traiu Anne Frank?, o local do esconderijo da jovem judia e seus familiares em Amesterdão foi denunciado pelo notário judeu Arnold Van den Bergh, provavelmente para tentar salvar a própria família. Van den Bergh, um dos membros fundadores do Conselho Judaico, um órgão administrativo que a comunidade judaica a estabelecer para organizar as deportações, tinha uma isenção de deportação, revogada no momento da traição dos Frank.
A teoria tem por base uma carta anónima enviada ao pai de Anne, Otto Frank, o único membro da família que sobreviveu aos campos de concentração, depois do fim da Segunda Guerra Mundial, na qual o notário era apontado como traidor. Otto entregou a carta a um detetive holandês no início dos anos 60, mas este acabou por abandonar a hipótese.
Num comunicado emitido após o lançamento do livro, a Casa Anne Frank, que gere o museu em Amesterdão dedicado à jovem autora judia, classificou as descobertas como “impressionantes”, mas considerou que “faltam peças fundamentais do puzzle”. “O argumento que sustenta a nova teoria da traição é baseado num número de suposições e não é apresentada uma evidência conclusiva. É preciso investigar mais.”
Segundo o The New York Times, Vince Pankoke não foi o primeiro a seguir a pista de Van der Bergh, que morreu em 1950 de cancro. David Barnouw, autor de Who Betrayed Anne Frank? (2003), considerou o notário como suspeito, mas também ele acabou por concluir que não havia indícios que sustentassem a teoria de que tinha sido ele a revelar o esconderijo dos Frank.
“É preciso ter muito cuidado para escrever sobre alguém que ficou na história como aquele que traiu Anne Frank, caso não exista 100 ou 200 por cento de certeza”, defendeu o diretor da Casa Anne Frank, Ronald Leopold, em declarações à France-Presse, salientando que é necessário fazer mais investigações, pois atualmente “não existe base para uma conclusão”