Largos meses antes de Neil Young ter decidido mandar retirar todas as suas músicas do Spotify, em protesto contra a manutenção na plataforma de streaming do polémico podcast de Joe Rogan, que acusa de espalhar desinformação sobre a pandemia, já o príncipe Harry e Meghan Markle tinham feito chegar aos responsáveis pela empresa as suas preocupações sobre o assunto.
A notícia está a ser avançada pela Reuters este domingo, depois de um porta-voz da Fundação Archewell, fundada pelos duques de Sussex nos Estados Unidos, ter revelado que já em abril do ano passado o casal fez questão de alertar o Spotify para o facto de a plataforma estar a funcionar como amplificador de teorias e informações falsas sobre a pandemia — não consta, ainda assim, que tenham citado o exemplo em concreto do “The Joe Rogan Experience”, que é nada menos do que o podcast mais ouvido da plataforma e já contou com entrevistados como Elon Musk, Oliver Stone, Quentin Tarantino, Jordan Peterson, Snoop Dogg ou Chuck Palahniuk.
“Centenas de milhões de pessoas são afetadas todos os dias pelos graves danos destes desvarios de desinformação e informação falsa. Em abril passado, os nossos co-fundadores começaram a expressar as suas preocupações aos nossos parceiros no Spotify a propósito das consequências demasiado reais da desinformação sobre a Covid-19 difundida pela plataforma”, começou por dizer o porta-voz da fundação, para depois continuar e explicar que, desde então, têm sido várias as ocasiões em que a Fundação Archewell tocou no assunto.
“Continuámos a expressar as nossas preocupações ao Spotify para assegurar que a são feitas mudanças na plataforma para ajudar a responder a esta crise de saúde pública. Contamos com o Spotify para estar à altura do desafio e estamos empenhados em continuar o nosso trabalho juntos enquanto isso acontece”, completou. Recorde-se que Harry e Meghan assinaram contrato com a empresa, com sede em Estocolmo, para a produção e apresentação de um podcast a ser disponibilizado na plataforma.
Joni Mitchell junta-se a Neil Young e sai do Spotify devido a conteúdos anti-vacina
Dias depois de Neil Young, a também canadiana Joni Mitchell, em solidariedade com o amigo, já tinha pedido que as suas músicas fossem retiradas do Spotify, alegando que “pessoas irresponsáveis estão a divulgar mentiras que estão a causar mortes” naquela plataforma. Ainda antes disso, no início de janeiro deste ano, um grupo de 270 cientistas e médicos escreveu uma carta aberta à empresa sueca, a pedir que fossem tomadas medidas contra Rogan, que acusaram de espalhar falsidades sobre a pandemia no podcast.
Contactado pela Reuters, o Spotify declinou fazer quaisquer comentários. Quando o autor de “My My, Hey Hey” lhe fez um ultimato — “Podem ter o Young ou podem ter o Rogan. Não podem ter os dois” —, a empresa deixou cair o primeiro mas garantiu que se tem empenhado para equilibrar “tanto a segurança dos ouvintes como a liberdade dos criadores” e que, nos últimos tempos, já removeu da plataforma de streaming mais de 20 mil episódios de podcasts sobre a Covid-19.