O novo governador do banco central da Alemanha, Joachim Nagel, admite que se os números da inflação na zona euro não baixarem até março irá defender, na próxima reunião do Conselho do BCE, que a autoridade monetária do bloco inicie sem demoras a normalização da política monetária – o que poderá significar o fim das compras de dívida pública e uma primeira subida das taxas de juro ainda em 2022.
Em declarações que se aproximam daquilo que foi dito este fim de semana por Klaas Knot, governador do banco central holandês, o alemão Joachim Nagel aproveitou esta quarta-feira uma entrevista ao jornal Die Zeit para confirmar que a taxa de inflação na Alemanha irá, provavelmente, superar “significativamente” os 4% neste ano – mais do que o dobro, portanto, daquilo que é o objetivo de médio prazo do BCE.
Se as próximas semanas não trouxerem uma alteração nos indicadores avançados relacionados com o ritmo de subida dos preços, então o banco central tem de atuar, defendeu Joachim Nagel.
O primeiro passo a dar, nessa normalização da política monetária que Nagel admite vir a apoiar, seria terminar as compras de dívida que o BCE tem vindo a fazer – tanto ao abrigo do programa pandémico de compras como, também, no âmbito do programa regular de intervenção que o BCE já estava a executar quando a pandemia começou. O segundo passo seria subir as taxas de juro, mais perto do final do ano, afiançou.
“Os custos económicos de agir demasiado tarde são maiores do que os custos de agir demasiado cedo“, acrescentou Joachim Nagel, uma declaração que, como aponta o economista Frederik Ducrozet, da Pictet Wealth Management, é o oposto daquilo que foi dito há poucas semanas por Fabio Panetta, o italiano que é governador do Banco de Itália e colega de Joachim Nagel no Conselho do BCE.
Fabio Panetta disse em finais de novembro que “se deixarmos de ser pacientes agora, poderemos pôr em risco tudo aquilo que conseguimos até agora”. Também em meados de novembro, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, defendeu que “a inflação permanece, ainda, um fenómeno temporário” e pediu “paciência” perante a subida do ritmo de subida dos preços.