O Presidente francês, Emmanuel Macron, instou sexta-feira “à maior calma” enquanto caravanas de veículos se dirigem para Paris para protestar contra o certificado de vacinação ou contra o Governo.
Numa entrevista ao diário Ouest-France, o chefe de Estado sublinhou que França “precisa de harmonia, de muita boa-vontade coletiva”, indicando “ouvir e respeitar o cansaço e a ira” relacionados com a crise na saúde.
“Estamos todos coletivamente cansados com aquilo que vivemos há dois anos. Esse cansaço expressa-se de várias maneiras: pela desorientação em algumas pessoas, pela depressão, noutras. Assistimos a um sofrimento mental muito grande, nos nossos jovens e menos jovens. E, por vezes, esse cansaço traduz-se também em revolta. Oiço e respeito isso”, declarou Emmanuel Macron, que participou na quinta-feira numa cimeira sobre os oceanos em Brest, no noroeste do país.
“Mas faço um apelo para a maior calma”, acrescentou.
“As reivindicações de uns e outros são sempre legítimas. Também sempre preservámos o direito à manifestação, o pluralismo democrático, os debates parlamentares durante este período. Mas precisamos de harmonia, de muita boa-vontade coletiva”, concluiu.
Em caravanas com origem em todos os pontos do país, milhares de opositores ao certificado de vacinação ou ao Governo chegaram sexta-feira à tarde a Paris, apesar da proibição decretada pelo comando da polícia.
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Inquirido pelo Ouest-France sobre a situação sanitária, Macron sublinhou que “não se pode dizer atualmente” que a pandemia “tenha terminado, enquanto os hospitais não virem o número de casos diminuir acentuadamente, as marcações das cirurgias serem retomadas e os cuidados intensivos menos congestionados”.
A eliminação da obrigatoriedade do certificado de vacinação “dependerá dos hospitais”, quando estes “retomarem um funcionamento o mais normal possível”.
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Entretanto, indicou, o recuo da pandemia “vai permitir-nos manter os nossos prazos”, com o levantamento das últimas restrições ao funcionamento de bares e discotecas a 16 de fevereiro.
A Covid-19 causou pelo menos 5,78 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência noticiosa francesa France-Presse (AFP), com base em dados oficiais.
Em Portugal, morreram, desde março de 2020, 20.442 pessoas e foram contabilizados 3.049.692 casos de infeção, de acordo com a última atualização da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante no mundo desde que foi pela primeira vez detetada em novembro, na África do Sul.