A retirada das tropas russas da fronteira da Bielorrússia com a Ucrânia será decidida com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse esta segunda-feira o líder bielorrusso, Alexander Lukashenko.
Lukashenko disse que as tropas russas permanecerão na Bielorrússia até pelo menos 20 de fevereiro, quando deverão terminar os exercícios conjuntos das forças armadas dos dois países vizinhos, denominados “Allied Determination 2022”.
“Retiramo-las [as tropas] quando o Presidente russo e eu decidirmos e quando o exercício terminar. Cabe-nos a nós tomar a decisão: este é o nosso território”, disse Lukashenko, citado pela agência espanhola EFE.
A agência estatal bielorrussa BelTA disse que Lukashenko falou sobre a questão em Minsk com o antigo presidente do parlamento ucraniano, Oleksandr Moroz, fundador e líder durante mais de 20 anos do Partido Socialista da Ucrânia, que sucedeu ao Partido Comunista ucraniano da era soviética.
Lukashenko denunciou o movimento de tropas de membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) nos países vizinhos da Rússia e Bielorrússia.
“Vejam o que os norte-americanos estão a fazer: estão a destacar milhares para a nossa fronteira, na Polónia, nos Estados Bálticos. O Reino Unido e outros países europeus estão a trazer as suas tropas para cá e a pergunta razoável é: quando é que as vão tirar daqui”, disse.
“Eles não falam disto, mas estão a exercer pressão sobre nós“, afirmou o Presidente da Bielorrússia, um país aliado da Rússia.
O Ocidente acusa Moscovo de ter concentrado dezenas de milhares de tropas nas fronteiras ucranianas, do lado da Rússia e do lado da Bielorrússia, com o objetivo de invadir a Ucrânia.
Lukashenko admitiu que foi decidido reforçar a fronteira sul da Bielorrússia “por causa do que está a acontecer” naquela região.
“Antes desta histeria, decidimos realizar exercícios no sul da nossa república. Tivemos de decidir onde manter um pequeno número de tropas por causa do que está a acontecer na Ucrânia”, disse. Argumentou ainda que a Bielorrússia nunca precisou de atacar a Ucrânia, e não precisa de o fazer agora.
“Isto é um disparate sobre Lukashenko estar pronto para atacar a Ucrânia”, disse.
A Estónia, a Letónia e a Lituânia solicitaram à presidência rotativa polaca da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) uma reunião com a Bielorrússia para Minsk dar explicações detalhadas sobre a presença militar na fronteira com a Ucrânia.
A presidência polaca da OSCE disse na rede social Twitter que a reunião será convocada esta segunda-feira, ao abrigo do Documento de Viena sobre Medidas de Construção de Confiança e Segurança.
Estonia ????????, Latvia ???????? and Lithuania ???????? requested the Polish ???????? @OSCE Chairmanship to hold a meeting with Belarus ???????? and other interested states with regard to unusual military activities.
The meeting will be convened on Monday in accordance with Vienna Document.#OSCE2022POL pic.twitter.com/sahtIHyOq8
— Poland in the OSCE (@PLinOSCE) February 13, 2022
Os três países bálticos ativaram este mecanismo no dia 9 de fevereiro, para exigir uma resposta da Bielorrússia até ao dia 11, mas não ficaram satisfeitos com a resposta de Minsk.
A Ucrânia ativou o mesmo mecanismo no domingo, para forçar a Rússia a fornecer detalhes sobre a sua presença militar nas fronteiras ucranianas, uma reunião a ser convocada no prazo de 48 horas.
“Exigimos uma reunião com a Rússia e todos os Estados participantes no prazo de 48 horas para discutir o reforço e a redistribuição ao longo da nossa fronteira e da Crimeia temporariamente ocupada”, disse, no domingo, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba.
Os Estados Unidos alertaram, na sexta-feira, que um ataque russo pode acontecer “a qualquer momento” e pediram aos seus cidadãos que abandonassem o país rapidamente.
Desde então, dezenas de governos, incluindo o de Portugal, aconselharam os seus cidadãos a sair da Ucrânia.
A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança, incluindo garantias de que a Ucrânia nunca integrará a NATO.