A Ucrânia “não tem medo” e vai “defender-se” contra a Rússia, disse esta quarta-feira o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, depois de semanas de ameaça de um ataque ao seu país por parte das forças russas.
“Não temos medo de nenhum prognóstico, não temos medo de ninguém (…) porque vamos defender-nos”, afirmou Zelensky em Mariupol, uma cidade no leste da Ucrânia, perto da linha da frente dos separatistas pró-russos apoiados por Moscovo.
“Temos excelentes forças armadas” e “somos fortes porque estamos juntos, somos ucranianos”, prosseguiu o chefe de Estado vestido com uniforme militar por ocasião do “Dia de Unidade” decretado esta quarta-feira.
O dia foi mencionado pelos serviços secretos norte-americanos como o do potencial início de uma ofensiva russa.
No início do dia, Zelensky tinha assistido a manobras do seu exército perto de Rivné, no oeste do país, durante as quais armas antitanque entregues pelo Ocidente foram usadas pela primeira vez.
“Obrigado por defenderem o nosso Estado. Quando olho para vocês tenho confiança”, disse aos militares presentes.
Há semanas que os países ocidentais se preocupam com os riscos de um ataque contra a Ucrânia por parte da Rússia, que juntou mais de 100.000 soldados nas fronteiras do país, uma situação explosiva no centro da pior crise com Moscovo desde o fim da Guerra Fria.
Após semanas de escalada, a Rússia, que nega qualquer plano de invasão, anunciou terça-feira a retirada de algumas das suas tropas, um passo atrás que os ocidentais e os ucranianos disseram não ter visto ainda na prática.
Zelensky, disse esta quarta-feira, numa entrevista à rádio britânica BBC, que até ao momento não registou qualquer retirada de tropas russas das proximidades das fronteiras do seu país.
“Reagimos à realidade e, por enquanto, ainda não vimos qualquer retirada, só ouvimos falar dela“, disse Zelensky à BBC Radio 4.
“Quando as tropas retirarem, todos poderão vê-lo, não só os serviços de reconhecimento militar, mas todos nós”, acrescentou o Presidente ucraniano, que sublinhou que “todas as pessoas esperam que haja um apaziguamento” das tensões com a Rússia.
Sobre a ameaça de uma invasão, Zelensky disse que os ucranianos permanecem “calmos”, porque “isto não começou ontem”, mas “já acontece há muitos anos”.