Ângelo Pereira, líder do PSD/Lisboa e vereador do Planeamento de Mobilidade na autarquia lisboeta, não tem dúvidas: os sociais-democratas precisam de arrepiar caminho e de encontrar novas soluções para o futuro. Um futuro que, sugere, pode ser escrito com duas palavras e doze letras: Carlos Moedas.

Desafiado a comentar a vida interna do partido e a corrida à liderança que se avizinha, Ângelo Pereira, que preside a uma das principais estruturas do PSD, instrumental na eleição de qualquer futuro líder do partido, preferiu não se pronunciar sobre os méritos e deméritos dos nomes que vão sendo ventilados como possíveis candidatos, limitando-se a dizer: “O PSD precisa de ‘novos tempos’“.

Ora, ‘Novos Tempos’ foi precisamente o slogan de Carlos Moedas nas últimas eleições autárquicas. Ângelo Pereira fez parte dessa equipa (era sexto na lista) e tornou-se um dos vereadores com maior peso político no executivo autárquico, com as pastas da Mobilidade, Transportes, Estrutura Verde, Desporto, Segurança e Socorro, Sistemas de Informação e Higiene Urbana.

Crítico interno de Rui Rio, Ângelo Pereira foi um dos grandes apoiantes de Miguel Pinto Luz na primeira volta das eleições diretas de 2020. Com a corrida resumida a dois — Rui Rio e Luís Montenegro –, o dirigente acabou por apoiar Montenegro.

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Nas últimas diretas, o agora vereador esteve ao lado de Paulo Rangel contra Rio. Mesmo sem nunca se comprometer com o apoio formal a Moedas, e apesar de estes três protagonistas (Pinto Luz, Montenegro e Rangel) voltarem a estar na equação, Ângelo Pereira não esconde que preferia ver Carlos Moedas a aceitar o desafio. “O PSD precisa de ‘novos tempos’“, repete.

O Observador sabe que Ângelo Pereira não é o único entre os altos dirigentes do PSD a pensar o mesmo. Nas últimas semanas, e desde o resultado traumático conseguido nas legislativas, Carlos Moedas tem recebido pressões e apelos para que avançasse.

As declarações de Ângelo Pereira surgem no dia em que algumas distritais do PSD estão reunidas num restaurante em Leiria para tentar encontrar uma posição conjunta sobre o calendário eleitoral do partido. O líder da distrital de Lisboa não foi, mas por manifesta indisponibilidade de horário.

Carlos Moedas tem tudo o que os outros nomes mais falados para a liderança do PSD não têm: palco mediático de sobra, vitórias eleitorais no currículo e um reconhecimento generalizado do partido. Na própria noite eleitoral, quando apareceu no hotel onde estava Rui Rio, os jornalistas saltaram como molas, mas recusou qualquer tipo de especulação e jurou lealdade à Câmara Municipal de Lisboa.

Daí para cá, nada terá mudado, sabe o Observador. Carlos Moedas continua a achar que as funções de líder do PSD e de presidente da Câmara Municipal de Lisboa não são compatíveis. Quem o quer ver a entrar na corrida discorda e lembra o precedente de Jorge Sampaio, que era líder do PS quando decidiu ser candidato a Lisboa (e venceu) e que de lá saiu para a Presidência da República.

Além disso, com o que calendário que existe — a legislatura durará quatro anos e sete meses, sensivelmente –, Carlos Moedas teria oportunidade de concluir o primeiro mandato como autarca antes de se candidatar às eleições legislativas de 2026.  Tudo dependerá da vontade ou não de Carlos Moedas.