A Europa está a ser confrontada com uma presença em massa de militares russos junto à fronteira com a Ucrânia, naquela que é a “maior concentração de forças militares” desde a Guerra Fria, referiu esta sexta-feira o secretário-geral da NATO.

“É muito mais do que manobras. A Rússia está claramente em posição, sem qualquer outra forma de aviso, de atacar a Ucrânia“, alertou Jens Stoltenberg em declarações ao canal de televisão alemão ZDF.

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Os Estados Unidos estimaram esta sexta-feira que, neste momento, a Rússia tem provavelmente entre 169.000 e 190.000 soldados destacados dentro e junto à fronteira da Ucrânia, incluindo forças separatistas, muito acima dos cerca de 100.000 a 30 de janeiro.

“Não há dúvida de que estamos a testemunhar a maior concentração de forças militares desde o final da Guerra Fria”, referiu o responsável da Aliança Atlântica, à margem da Conferência de Segurança de Munique, a importante reunião anual sobre questões de Defesa que arrancou esta sexta-feira naquela cidade do sul da Alemanha.

O secretário-geral da NATO sublinhou ainda que está a acompanhar de perto o debate quente, devido às tensões russo-ucranianas, que tem surgido na Suécia e na Finlândia sobre uma possível adesão destes países à NATO.

“Estamos a ouvir com muita atenção o que vem da Suécia e da Finlândia. Ainda não se candidataram à adesão, mas também não querem que a NATO feche a porta caso um dia queiram fazê-lo”, apontou.

As autoridades norte-americanas e europeias estão em alerta máximo para quaisquer tentativas da Rússia para criar um pretexto para uma invasão da Ucrânia.

Nas últimas horas ocorreram graves violações do cessar-fogo estabelecido em 2015, ao abrigo dos Acordos de Minsk, no leste do país.

O exército ucraniano e os separatistas têm-se acusado esta sexta-feira mutuamente de novos ataques no leste do país, tendo as autoridades ucranianas relatado 20 violações do cessar-fogo por separatistas durante a noite, enquanto os rebeldes pró-Rússia referiram ter contabilizado 27 ataques pelo exército ucraniano.

Observadores da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) relataram um aumento significativo dos tiroteios, apontando 189 violações de cessar-fogo na região de Donetsk durante quinta-feira, o que representa um crescimento dos ataques em relação ao dia anterior, quando foram contabilizados 24.

As autoproclamadas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, no Donbass ucraniano, ordenaram esta sexta-feira a retirada em massa de civis para o território russo, alegando receio de um ataque do Exército ucraniano, apesar de Kiev desmentir qualquer intenção bélica.

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De acordo com as autoridades de Donetsk, citadas pela agência russa Interfax, mais de 700.000 moradores da região estão a ser deslocados para a Rússia.

O governo ucraniano pediu esta sexta-feira à comunidade internacional a condenação “imediata” das “provocações” da Rússia e dos separatistas pró-russos em Donbass, reiterando que não tem intenções bélicas em Donetsk e Lugansk.

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