Os principais bancos nacionais dizem, questionados pelo Observador, ter pouca ou nenhuma exposição à Rússia e, também, à Ucrânia – os dois países que estão no centro de um conflito que está a criar forte perturbação nas economias e mercados financeiros. Porém, segundo dados do BIS, o sistema financeiro português tem uma exposição equivalente a 149 milhões de dólares (ou 132 milhões de euros) à Rússia.

O Observador questionou os principais bancos em Portugal sobre o grau de exposição à Rússia (e à Ucrânia). O BPI respondeu que “o banco não tem qualquer exposição direta ou indireta a ativos russos e/ou ucranianos”, na mesma linha do que disse a Caixa Geral de Depósitos: “Não temos exposição de nenhum desses países”, disse fonte oficial do banco público.

Já o MillenniumBCP, que tem uma importante presença na Polónia, indicou que “não tem exposição relevante às geografias referidas”, isto é, Rússia e Ucrânia. O Novo Banco não respondeu, até à publicação deste trabalho.

Porém, segundo os mesmos dados do BIS, os bancos portugueses têm uma exposição de 149 milhões de dólares – um número que diz respeito a todo o sistema financeiro português já que, como explicou fonte oficial do BIS, a entidade não dispõe de dados desagregados.

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Os 149 milhões (de dólares) dizem respeito às responsabilidades que têm entidades russas como contraparte imediata, ou seja, incluem todos os empréstimos ou títulos de dívida relacionados com qualquer entidade fisicamente localizada na Rússia. Podem ser exposições a bancos mas, também, a empresas russas (ou, até, setor público).

Esse valor pode aumentar para 157 milhões se se incluir, também, as exposições em base de garantia, ou seja, investimentos ou créditos a empresas garantidas por uma entidade (como um banco) sediada na Rússia.

Segundo dados do Banco de Pagamentos Internacionais (mais conhecido pela sigla anglo-saxónica BIS), os bancos de Itália, França e Áustria são aqueles que têm maior exposição à Rússia, com os bancos dos dois primeiros com uma exposição equivalente a 25 mil milhões de dólares (cada um) e os austríacos 17,5 mil milhões.

Todos estes países têm bancos com presença na Rússia (incluindo o UniCredit e o Société Générale), o que explica que concentrem boa parte da exposição mundial ao país – que, segundo o BIS, equivale a 121,5 mil milhões de dólares.