O presidente do conselho de administração da companhia aérea SATA disse esta quinta-feira que os voos previstos para o verão na ilha Terceira, nos Açores, podem ser cancelados, se a base das Lajes reforçar o seu papel militar.

“Preocupa-me o drama que se tem vindo a desenrolar nos últimos dias [ofensiva militar na Ucrânia] porque, se o Aeroporto Civil das Lajes de repente ganhar nova importância estratégica do ponto de vista militar, acabou-se. Todas estas rotas, esqueçam. Para tudo, não há volta a dar”, apontou Luís Rodrigues, numa audição na Comissão de Economia da Assembleia Legislativa dos Açores.

Questionado pelo deputado socialista Carlos Silva sobre o impacto de um possível aumento do preço dos combustíveis, em consequência da ofensiva militar da Rússia na Ucrânia, nas contas da companhia aérea, Luís Rodrigues disse estar mais preocupado com o impacto que possa ter na base das Lajes, na ilha Terceira, onde está colocada a Força Aérea norte-americana.

Conseguimos refletir o aumento do preço dos combustíveis nas tarifas“, avançou, alegando que “era uma prática que não existia em 2019”, na anterior administração.

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O presidente do conselho de administração da SATA foi ouvido a propósito de um projeto de resolução apresentado por PSD, CDS-PP e PPM (partidos que integram a coligação de governo), que recomenda ao executivo açoriano que promova o aeroporto das Lajes, na ilha Terceira, “enquanto porta de entrada de fluxos turísticos nos Açores, sejam nacionais ou internacionais”.

Recomenda ainda que o Governo Regional diligencie, “em estreita articulação” com a ATA e com a CCAH “campanhas de promoção turística que potenciem e incentivem a captação de ligações aéreas internacionais para a ilha Terceira“.

A Azores Airlines, do grupo SATA, planeou, para o verão IATA (International Air Transport Association), ligar a ilha Terceira a cinco cidades da América do Norte: Boston, Nova Iorque e Oakland, nos Estados Unidos da América, e Toronto e Montreal, no Canadá.

A Rússia lançou esta quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que as autoridades ucranianas dizem ter provocado dezenas de mortos nas primeiras horas.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que o ataque responde a um “pedido de ajuda das autoridades das repúblicas de Donetsk e Lugansk”, no leste da Ucrânia, cuja independência reconheceu na segunda-feira, e visa a “desmilitarização e desnazificação” do país vizinho.

O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU.