Soldados desorientados, com fome, sem combustível nos tanques e desconhecendo o macroplano para as invasões. O relato é feito pelo autarca de Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana que resistiu aos avanços russos na madrugada deste domingo e continua sob controlo ucraniano.
Através do Facebook, Oleh Synyehubov, o responsável regional por Kharkiv, foi fazendo a atualização da situação no local ao longo das últimas horas. Os russos reivindicavam ter conseguido o controlo da segunda maior cidade ucraniana, mas Synyehubov desmente-os e aproveita para publicar fotografias de militares russos capturados pelos ucranianos.
A dada altura, Synyehubov alertava os ucranianos para não saírem às ruas, a pé ou de carro, proibindo a “movimentação de veículos”. “Todas as pessoas avistadas serão imediatamente detidas e verificado o seu envolvimento [na invasão]”, escrevia na rede social, ao mesmo tempo que a Rússia reclamava ter controlado a cidade.
Mas nem uma hora depois, Oleh Synyehubov voltava ao Facebook para anunciar que as forças de resistência tinham vencido os confrontos e que o controlo da cidade era ucraniano. “O controlo sobre Kharkiv é totalmente nosso!”, escreveu Synyehubov.
Mas o relato do político não se fica por aí. De acordo com Oleh Synyehubov “o inimigo está completamente desmoralizado”. “Em Kharkiv grupos inteiros de 5 a 10 pessoas rendem-se às tropas ucranianas, assim que avistam um membro das Forças Armadas rendem-se”, relata Oleh.
Para provar o que afirmara minutos antes, Oleh Synyehubov publicou seis fotografias de militares russos que se renderam e descreve aquilo que diz ser uma “completa exaustão e falta de moral”.
“Não têm ligação com o comando central, não entendem e não conhecem as ações seguintes. Desde o início do ataque à Ucrânia não receberam comida ou água e o equipamento que usam não tem sequer reserva de combustível“, escreve Synyehubov, acrescentando que os russos se estão a tentar esconder entre a população civil.
Os militares russos estarão a pedir “comida e roupas” aos ucranianos, sustentando que “ninguém os espera em casa”, mas Oleh Synyehubov pede aos moradores da região de Kharkiv que “não abram a porta a estranhos” nem “ajudem o agressor russo, escondendo-os”.