A União Europeia continua a endurecer as sanções contra a Rússia, em resposta à invasão da Ucrânia. Este domingo ficou decidido que os aviões russos passam a estar impedidos de voar no espaço aéreo da UE, que as transmissões dos meios de comunicação estatais russos Sputnik e RT serão bloqueados na UE e que a UE vai enviar 450 milhões de euros em armamento para a Ucrânia.
Espaço aéreo: aviões russos “não vão poder aterrar, descolar ou sobrevoar UE”
Logo na tarde de domingo, Ursula von der Leyen veio anunciar aquilo que muitos países já tinham decidido individualmente: todo o bloco da União Europeia vai encerrar o seu espaço aéreo a “aviões detidos pela Rússia, registados na Rússia ou controlados pela Rússia”.
“Não vão poder aterrar, descolar ou sobrevoar o território da União Europeia. Incluindo jatos privados de oligarcas”, avançou a presidente da Comissão Europeia, em conferência de imprensa e no Twitter.
First, we are shutting down the EU airspace for Russian-owned, Russian registered or Russian-controlled aircraft.
They won’t be able to land in, take off or overfly the territory of the EU.
Including the private jets of oligarchs. pic.twitter.com/o551M9zekQ— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) February 27, 2022
Horas antes, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português tinha feito um anúncio oficial na rede social Twitter.
????????????????Portugal vai fechar o seu espaço aéreo a companhias de aviação da Rússia. Tomamos esta medida em articulação com os nossos parceiros europeus e em resposta à agressão da Rússia contra a Ucrânia.
— Negócios Estrangeiros PT (@nestrangeiro_pt) February 27, 2022
Além de Portugal, ao longo deste fim de semana vários países tinham vindo dizer que iam proibir aviões russos de sobrevoar os seus espaços aéreos: Finlândia, Irlanda, Dinamarca, Bélgica, Alemanha, França e Itália. Depois da invasão da Rússia à Ucrânia, também o Reino Unido, Estónia, Letónia, Eslovénia e Lituânia tinham tomado decisões no mesmo sentido.
Assim que percebeu que vários países estavam a bloquear os voos com origem nos aeroportos russos, também o Kremlin ripostou e proibiu aviões comerciais vindos destes países.
Medidas estatais proibidos na UE, Bielorrússia alvo de sanções
O bloqueio do espaço aéreo da UE à Rússia não foi a única sanção nova anunciada este domingo. Von der Leyen disse que, pela primeira vez, a União Europeia vai financiar a aquisição e entrega de armas e equipamento a um país sob ataque, e também que os media estatais russos RT e Sputnik, vão ser banidos em resposta à invasão da Ucrânia.
“Os estatais RT e Sputnik, e as suas subsidiárias, não vão poder continuar a espalhar as suas mentiras para justificar a guerra de Putin. Estamos a desenvolver meios para banir a sua desinformação tóxica da Europa”, afirmou a presidente da Comissão Europeia.
Second, we will ban the Kremlin’s media machine in the EU.
The state-owned Russia Today and Sputnik, and their subsidiaries,
will no longer be able to spread their lies to justify Putin’s war.
We are developing tools to ban their toxic and harmful disinformation in Europe. pic.twitter.com/7RcPEn6E14— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) February 27, 2022
Nesta conferência de imprensa, foram também anunciadas sanções contra a Bielorrússia, país aliado de Moscovo, e a partir de onde entraram forças russas na Ucrânia. “Vamos atingir o outro agressor nesta guerra, o regime de Lukashenko, com um novo pacote de sanções, que vai atingir os seus setores mais importantes”, disse.
Estas sanções vão travar exportações da Bielorrússia, incluindo de minerais, tabaco, madeira, cimento, ferro e aço.
É na fronteira entre a Bielorrússia e a Ucrânia que devem decorrer, na segunda-feira, negociações de paz entre delegações de Putin e de Zelensky.
UE envia para a Ucrânia 450 milhões de euros em armas
Ursula von der Leyen já tinha anunciado que a UE ia financiar a aquisição e entrega de armas e equipamento militar a um país sob ataque, pela primeira vez na sua história. Ao início da noite (hora portuguesa), coube a Josep Borrell, responsável da União Europeia para a política externa, detalhar que apoios serão estes.
Após uma reunião em moldes digitais que juntou os ministros dos Negócios Estrangeiros dos Estados-membros da UE, Josep Borrell comunicou que os 27 países que pertencem à união económica e financeira europeia estiveram de acordo: vão dar luz verde a um pacote de 450 milhões de euros em material militar letal — isto é, em armas — que se enviará para a Ucrânia.
Estiveram ainda de acordo em garantir o envio de 50 milhões de euros em bens não-letais como combustível. Nenhum Estado-membro votou contra estas propostas.
Josep Borrell fez ainda questão de vincar que os ucranianos que estão a fugir do país “não são imigrantes, são refugiados”. A União Europeia, acrescentou, “está muito preocupada com o impacto desta tremenda tragédia humanitária” e “os países que estão a acolher estes refugiados podem esperar apoio da UE”.
Já Von der Leyen, horas antes, tinha garantido que os refugiados ucranianos são bem-vindos na Europa. “Recebemos de braços abertos os ucranianos que fugiram das bombas de Putin, e estou orgulhosa da calorosa receção que os europeus lhes deram”, afirmou.
A Presidente da Comissão Europeia deixara ainda elogios à “liderança e coragem” do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e à “resiliência” povo ucraniano.
O presidente russo Vladimir Putin já acusou as dores das várias sanções e posições que têm vindo a ser anunciadas, sobretudo pelos países que integram a NATO, e ameaçou na tarde de domingo com a força nuclear do país, que já está em alerta caso seja necessário avançar. Este anúncio foi feito numa reunião com os responsáveis da defesa numa altura em que a própria Rússia se mostrou disponível para negociar com a Ucrânia.