O Banco Central Europeu (BCE) declarou o Sberbank Europe AG, na Áustria, e as suas subsidiárias na Croácia e na Eslovénia, como estando em falência iminente ou mesmo já insolventes. Em comunicado, o Banco Central Europeu diz que os próximos passos dependem, agora, do Mecanismo Único de Resolução. Mas deixa claro que considera que não há medidas que possam salvar estas entidades na Europa. O Sberbank Europe AG é detido na totalidade pelo Sberbank da Rússia, que pertence ao Estado russo.
É, aliás, um dos bancos que já estavam limitados pelas sanções definidas pela União Europeia este fim de semana, em resposta à ofensiva russa em território ucraniano. Mas o BCE admite que a corrida aos depósitos levou à insolvência das entidades. Os depositantes estão, em parte, protegidos pelos fundos de garantia nacionais que cobrem até um certo limite — apenas os depósitos até 100 mil euros estão garantidos.
O BCE realça que essa corrida levou à consideração de que a falência estava a acontecer, por não ser possível ao banco responder aos seus compromissos de crédito. O BCE considera mesmo que não há medidas que possam salvar a situação destes bancos.
O Sberbank tem ativos de mais de 400 mil milhões de euros e mais de 280 mil trabalhadores. É o maior banco russo. Os seus braços na União europeia começaram a cair.
As sanções impostas durante o fim de semana, nomeadamente a exclusão de alguns bancos russos do sistema SWIFT, uma plataforma de troca de informação para transações internacionais, e o anúncio de que vai haver sanções sobre o banco central russo determinou essa corrida aos depósitos, através das caixas de multibanco, já que os balcões estavam encerrados.
Russos correm às caixas multibanco depois do anúncio das sanções. Filas de várias horas
Esse cenário estava previsto e admitia-se mesmo que a Rússia mantivesse os balcões encerrados durante esta segunda-feira. Para já, o anúncio feito foi a de que o banco central da Rússia vai proibir os estrangeiros de venderem títulos russos, segundo noticiou a Reuters.
Ao Guardian, Sergei Guriev, professor de economia na Sciences Po e ex-economista chefe do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), admite que “acontecerá algo como nunca vimos antes”.
Além desta possível corrida aos bancos, o rublo deve registar uma forte desvalorização. O Guardian diz mesmo que já há sinais de que o rublo está a cair. No domingo à noite, o Tinkoff Bank, da Rússia, estava a comprar dólares por 89 rublos e a vendê-los por 154, cerca do dobro do preço de há três semanas. No pré-mercado, o rublo já cai 20%.
É que as sanções poderão limitar a atuação do banco central da Rússia para tomar medidas, como fez na semana passada, para conter o rublo.