É uma corrida contra o tempo: como descreve a Reuters, com a “guerra à porta”, a Presidente da Moldávia, Maia Sandu, assinou o pedido formal para que o país possa aderir à União Europeia, juntando-se assim à Geórgia, que anunciou a mesma decisão na quarta-feira, e à Ucrânia, que o fez dias depois do início da invasão.

A sucessão de pedidos acumulados nos últimos dias explica-se com os perigos que a invasão da Ucrânia pode representar, também, para os países vizinhos: a Moldávia situa-se entre a Ucrânia e a Roménia e a Geórgia faz fronteira diretamente com a Rússia. Em todos estes casos, trata-se de ex-repúblicas soviéticas que tentam, assim, fugir ao controlo russo e entrar no bloco ocidental.

Esta quinta-feira, a Moldávia deu mais um passo nesse sentido e Sandu, o primeiro-ministro e presidente do Parlamento assinaram o documento juntos.

“A Moldávia demorou 30 anos a atingir a maturidade, mas hoje o país está pronto para assumir a responsabilidade pelo seu próprio futuro”, anunciou Sandu, enquanto mostrava às câmaras de televisão o documento assinado. “Queremos viver em paz, prosperidade, ser parte do mundo livre”. E pediu uma decisão “rápida”, num mundo que está “em mudança”.

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O processo de adesão costuma demorar anos a completar. No entanto, a Ucrânia pediu para ser aceite através de um “mecanismo especial” de forma a acelerar o processo.  A esperança dos países vizinhos será que neste momento, com a delicada situação na Ucrânia, seja possível garantir a entrada rapidamente e beneficiar dessa proteção contra a Rússia. Estes países já têm, de resto, estatuto de países parceiros, tendo assinado acordos de comércio com a União Europeia.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já tinha no domingo expressado uma opinião favorável quanto à adesão da Ucrânia, considerando o país como “um de nós”.

No entanto, como aponta o Financial Times citando vários responsáveis europeus sob anonimato, os pedidos de adesão são vistos como uma espécie de “elefante na sala”, uma vez que ultrapassariam outros que estão em espera à anos e poderiam significar um descurar do normalmente longo processo, que passa por garantir, por exemplo, que os países dão garantias em termos de respeito pelos valores democráticos, direitos humanos e “capacidade para lidar com a pressão competitiva e as forças de mercado que existem na União Europeia”.

Ucrânia quer aderir à UE. Quais são os perigos e resistências?

Como o Observador recordava neste texto, a outra preocupação passava precisamente pela ideia de que aceitar a Ucrânia — e, no contexto atual, outros países da antiga esfera soviética — fosse interpretado como uma provocação à Rússia, podendo espoletar uma retaliação de Putin.