Têm sido um dos alvos das forças armadas russas desde o início da invasão. Localizadas um pouco por toda a Ucrânia, as centrais nucleares estão no centro de vários confrontos, que têm aumentando nas últimas horas. Após a Rússia ter tomado oficialmente Chernobyl, no norte do país, um dos objetivos do Kremlin é conseguir ocupar a maior central nuclear da Europa — a de Zaporíjia, em Enerhoda, no sul.

Um vídeo em direto mostra que, nas últimas horas, na central nuclear de Zaporíjia, tem havido o lançamento daquilo que aparentam ser mísseis. Os confrontos começaram nos últimos dois dias, mas intensificaram-se esta quinta-feira. Em declarações ao portal Euromaidan Press, o autarca de Enerhoda, Petro Kotin, relatou que uma coluna de 100 veículos russos terá entrado na cidade, apesar da resistência das forças ucranianas. “O nosso pessoal está a fazer todos os possíveis”, garantiu, acusando o exército russo de “terrorismo nuclear”.

Entretanto, o governo ucraniano avisou que ações deste género poderiam atingir, mesmo que sem querer, a central, e que, por isso seriam especialmente perigosas. Estas declarações foram corroboradas pela agência que regula o uso de forças nucleares das Nações Unidas que deixou um apelo à Rússia para que “acabe com as ações” que está a levar a cabo em centrais nucleares, depois de nos últimos dias Vladimir Putin ter ameaçado usar o poder nuclear russo e ordenado ensaios com submarinos.

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Em comunicado, a Agência de Energia Atómica Internacional referiu que os trabalhadores de Chernobyl estão “sob pressão psicológica” e em “exaustão moral”. O diretor-geral da organização, Mariano Grossi, aconselhou a que as forças russas deixem os funcionários ter direito ao descanso e a organizar-se por turnos.

Mariano Grossi confirmou que a Ucrânia perdeu o controlo da central nuclear e que a organização está agora a tentar “restabelecer a regulação legal” que certifique a “segurança de instalações nucleares” por parte da Rússia. “Continuo muito preocupado sobre a situação que se está a deteriorar na Ucrânia”, sublinhou o responsável, que sinalizou que está apreensivo com as “centrais nucleares do país, que devem continuar a funcionar sem qualquer ameaça de segurança”.

O diretor-geral da organização avisou ainda que “qualquer acidente que resulte do conflito militar pode ter consequências extremamente sérias para as pessoas e para o ambiente na Ucrânia e no estrangeiro”.