A Nos garante que a sua rede 5G já cobre 75% da população, assumindo um processo de desenvolvimento acelerado da rede apesar das limitações nomeadamente no abastecimento de equipamentos eletrónicos. A Nos anunciou um investimento total em rede em 2021 superior a 500 milhões de euros e garante que nas compras que não estavam acordadas antes da subida dos preços teve um efeito nas compras e isso “impacta os nossos investimentos”, não quantificando o valor incremental por via da subida de preços.
Com esses patamares de cobertura e disponibilidade de serviços, a Nos assume-se como candidata à liderança “clara de tudo” o que diga respeito ao 5G.
Segundo revela a Nos, 15% dos clientes já têm telemóveis com acesso à rede 5G, mas garante que os clientes que passarem a ter equipamentos 5G terão acesso a promoções, mesmo se a atual acabar. A Nos disponibiliza, até ao final de março, acesso ao 5G sem acréscimo de custo para clientes, tendo referido que o 5G iria representar um acréscimo de 5 euros por mês. Miguel Almeida não revela se vai continuar a promoção, tendo deixado claro, em conferência de imprensa, que as promoções visam permitir que o número alargado de clientes experimentem os serviços. Mas assume que os investimentos são elevados por parte da operadora no desenvolvimento do 5G, e recusa-se a falar sobre atualizações de preços já que diz que estes têm vindo sempre a baixar desde 2009.
Quanto à entrada de novos operadores – como a Más Móvil e a Digi — que, segundo se antecipa, entrarão com uma estratégia agressiva de preços, Miguel Almeida diz não conhecer o racional que está por detrás desses operadores, estando o mercado português a ir contra corrente de outros mercados. “Já não existem países com quatro operadores, e nenhum com mais de quatro com exceção de Portugal”, salienta, acrescentado que em Portugal é difícil ter escala e, por isso, “se fragmentarmos com mais players a consequência será a de deteriorar a capacidade do setor para investir e quem sofre são as famílias e as empresas portuguesas”.
“Não sabemos quais vão ser os impactos”, da entrada desses operadores, diz, assumindo que “o mercado não tem capacidade para tantos operadores e, por isso, põe em causa a capacidade de investimento, dos serviços, e do desenvolvimento tecnológico numa altura tão importante de transição digital”. Aproveitou para voltar a apontar baterias ao regulador, atacando o caminho adotado no leilão 5G que “não tem qualquer racional e raia a ilegalidade”.
Aliás, a empresa mantém várias ações em tribunal contra a Anacom a propósito do leilão do 5G e contra a manutenção da licença da Dense Air. As providências cautelares não tiveram provimento, mas a Nos recorreu da decisão no caso da Dense Air.
Quanto aos restantes processos, a que acrescentem duas queixas em Bruxelas — contra o leilão por alegada violação de regras europeias e por alegada atribuição de auxílios de Estado –, a Nos diz-se convencida “dos nossos direitos e de que a ilegalidade ou inconstitucionalidade vão ser reconhecidas”, declarou Filipa Carvalho, administradora da empresa.
As consequências podem ser várias se a empresa ganhar em tribunal, dependendo da forma como o Tribunal e a Comissão para os processos. Mas até pode levar à repetição do leilão se o regulamento foi considerado ilegal. No caso dos auxílios de Estado, se a Comissão Europeia aceitar essa existência haverá um processo contra o Estado português.
Uma das regras que a Nos sempre se opôs foi a da obrigatoriedade de dar roaming nacional aos operadores que estão a entrar no mercado. E sobre esse capítulo sabe-se que a Más Móvil já requereu essa possibilidade, mas nem isso a Nos confirma. “Não partilhamos informação de quem pediu ou não pediu roaming”, assumindo que vai cumprir as suas obrigações, mas Miguel Almeida não adiantou se haverá acordo ou terá de haver intermediação da Anacom.
Miguel Almeida falava na conferência de imprensa onde apresentou os resultados de 2021, em que teve lucros de 144 milhões de euros.