O Presidente russo, Vladimir Putin, admitiu esta sexta-feira que se registarem “certos desenvolvimentos positivos” nas conversações com a Ucrânia, que não especificou, durante uma conversa em Moscovo com o seu homólogo e aliado bielorrusso, Alexander Lukashenko.

“Há certos desenvolvimentos positivos, como fui informado pelos negociadores. Neste momento, há conversações quase todos os dias”, disse Putin, sem dar mais pormenores, citado pelas agências espanhola EFE e francesa AFP.

Horas antes, a Presidência ucraniana tinha admitido a possibilidade de aceitar a neutralidade da Ucrânia se a Rússia der “garantias de segurança”, como parte de um acordo para pôr fim à guerra.

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O estatuto de neutralidade implicaria a renúncia da Ucrânia à sua adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), um objetivo inscrito na Constituição do país, a par da integração na União Europeia (UE).

Negociadores russos e ucranianos reuniram-se três vezes na Bielorrússia desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro.

As reuniões não resultaram num cessar-fogo, pretendido pela Ucrânia, mas permitiram a abertura de alguns corredores humanitários para socorrer civis bloqueados em cidades sitiadas pelas forças russas.

Na quinta-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, e ucraniano, Dmytro Kuleba, reuniram-se pela primeira vez desde que a ofensiva russa começou.

O encontro decorreu sob mediação da Turquia, mas nenhum progresso foi anunciado no sentido de pôr termo aos combates na Ucrânia, que entraram esta sexta-feira no 16.º dia.

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Putin insistiu repetidamente nos últimos dias que os combates cessarão quando a Ucrânia e o Ocidente cederem às suas exigências, incluindo a neutralidade e a “desmilitarização e desnazificação” do país vizinho.

A Rússia exige também o reconhecimento da sua soberania sobre a península ucraniana da Crimeia, que anexou em 2014.

Após a reunião com Lukashenko, Putin também se pronunciou sobre as sanções aplicadas à Rússia, dizendo que oferecem ao país “mais oportunidades para se sentir independente e autossuficiente”, segundo um relato da agência oficial TASS.

Em última análise, “será benéfico, tal como foi nos anos anteriores“, disse, referindo ser uma oportunidade para a Rússia “avançar para a sua soberania tecnológica e económica”.

Putin reconheceu que a Rússia enfrenta “problemas associados aos acontecimentos atuais”, referindo-se à invasão da Ucrânia, mas disse que “eles sempre ocorreram numa escala maior ou menor”.

“A União Soviética, de facto, viveu o tempo todo sob as condições de sanções, desenvolveu-se e alcançou um sucesso tremendo“, afirmou.

“Estou certo de que ultrapassaremos estas dificuldades”, disse Putin em comentários relatados pela TASS e citados pela EFE.

A guerra na Ucrânia provocou um número por determinar de mortos e feridos, que poderá ser da ordem dos milhares, e a fuga do país de 2,5 milhões de pessoas, na pior crise do género na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).