A solução para a sobrevivência das empresas de transporte de mercadorias, face à escalada do preço dos combustíveis, passa por um aumento das tarifas, assumiu este sábado o porta-voz da Associação Nacional dos Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram).

“É uma situação nunca antes vista e tem de haver uma solução imediata, que passa por os clientes destas empresas aceitarem e compreenderem um aumento imediato das tarifas. Estas empresas têm de negociar um aumento com os seus clientes. As empresas não estão a ganhar dinheiro, só estão a repassar um custo”, alertou André Matias de Almeida, após uma reunião com mais de 200 associados, em Pombal.

Em declarações à Lusa, o porta-voz da Antram descreveu o plenário deste sábado como “muito duro e tenso”, onde foi evidente um “crescente de insatisfação” dos sócios. Contudo, André Matias de Almeida adiantou que, por agora, não vão sair à rua para se manifestar contra a contínua subida do preço dos combustíveis.

“Neste momento, não há ações de protesto”, assegurou, notando que a Antram “está consciente do momento atual do mundo” e que qualquer ação de protesto teria também reflexos imediatos no país.

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O responsável da organização classificou ainda como “dramática e trágica” a situação destas empresas.

“Existe a convicção de que se as empresas sobreviverem aos próximos dois meses, é porque têm uma capacidade muito grande de fazer face a estas situações. As coisas chegaram a um ponto a que nunca tinham chegado na vida destas empresas”, reiterou, sem deixar de referir que a associação vai pedir uma reunião ao governo.

André Matias de Almeida criticou a resposta do executivo à escalada do preço dos combustíveis. Argumentou que “não há uma única medida que possa servir de amparo” às transportadoras e nem o anúncio de uma linha de crédito ou o ajuste do imposto sobre produtos petrolíferos (ISP) significam a resolução dos atuais problemas de tesouraria.

Um dos exemplos dos problemas passa, segundo o porta-voz da Antram, pelo componente AdBlue, introduzido para o controlo das emissões poluentes. Embora tenha reconhecido a importância do compromisso ambiental para o setor, André Matias de Almeida alertou que o custo deste componente subiu recentemente de 60 para cerca de 300 euros.

“É um aumento brutal a que as empresas não conseguem acorrer e a Antram vai discutir isto”, sentenciou.

O Governo estima que o gasóleo possa aumentar 16 cêntimos e a gasolina 11 cêntimos por litro na próxima semana, tendo usado estes valores para calcular a redução do ISP necessária para neutralizar a subida da receita com IVA.

O valor foi avançado, na sexta-feira, pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, com o governante a salientar que este foi assumido com base na evolução das cotações dos mercados e também com o conhecimento dos mercados.