Luís Marques Mendes considerou este domingo que os efeitos que o conflito na Ucrânia estão a ter sobre os preços da energia e em bens essenciais como os cereais são “a nova pandemia” e requerem “uma resposta europeia e nacional”. O comentador e antigo líder do PSD diz que, em matéria de combustíveis, o que o Governo fez foi “pouco”: “Fez apenas serviços mínimos”. “Vai ter de ir muito mais longe, seja no IVA seja no ISP”, atirou ainda prevendo a necessidade de um pacote de medidas “muito significativo” para responder a esta crise.

O comentador considera que o Governo terá de fazer mais e diz que do Conselho Europeu informal do final da semana passada saíram decisões que passam pela autorização para que países “possam dar apoios extraordinários, incluindo a fundo perdido, às empresas mais afetadas pelos aumentos de preços da energia, desde que elas assumam o compromisso de não encerrarem”.

No espaço de comentário na SIC, Marques Mendes disse, sobre este ponto concreto, que “é bom que o Governo não demore a agir, quer em relação às empresas quer às famílias mais pobres e afetadas.” Além disso, o comentador apontou também que a União Europeia vai “aprovar um Programa de Investimento Comum em matéria de cibersegurança, defesa e interconexões na área da energia”, que andará “à volta dos 200 mil milhões de euros. Mas um novo PRR para empresas não haverá, por falta de consenso europeu”, segundo adiantou.

Em matéria de agricultura, a Comissão está a estudar “compras conjuntas de produtos agrícolas em falta no mercado”. Marques Mendes exemplificou com o “milho: 40% das importações da UE vêm da Ucrânia. É preciso alternativas fora da Europa”. Esta medida, já pedida pelos líderes europeus, incluindo o primeiro-ministro português, é comparável ao que aconteceu durante a pandemia com a compra conjunta de vacinas contra a Covid-19.

O comentador ainda falou nas implicações do conflito para o plano político nacional, considerando que a situação beneficia o Governo de António Costa, já que “ninguém o culpa pela guerra” e “em tempo de crise as pessoas não gostam de aventuras”. Marques Mendes considera que Costa “tem agido com prudência e espírito de diálogo” neste contexto e não antevê que a situação internacional altere as escolhas do primeiro-ministro português para o novo Governo, nem mesmo nas pastas dos Negócios Estrangeiros e da Defesa.

No entanto, considera que há uma alteração certa: “Vai ter de fazer um novo Orçamento do Estado. O que estava previsto, está desatualizado. Vai ser revisto em baixa”, acredita o ex-líder do PSD que aponta “uma folga importante: o défice orçamental de 2021 vai ficar em 2,9% do PIB. Bem abaixo dos 4,3% que estavam previstos. Uma boa ajuda para um novo OE com menor crescimento económico.”

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