João Leão, ministro das Finanças, acredita no crescimento “significativo” da economia portuguesa em 2022. Já tinha dito, e esta segunda-feira, à entrada para o Eurogrupo, confirmou que a projeção de crescimento para este ano vai ser revista em baixa, não dando qualquer valor, nas declarações transmitidas pelas televisões portuguesas.
Mesmo num cenário mais adverso — de a situação de guerra se agravar e de se estender por mais tempo — o Governo atual ainda aponta para crescimento.
A revisão será feita em baixa, mas “ainda dá perspetiva de forte crescimento este ano”, disse o ministro das Finanças, acrescentando que mesmo num cenário mais adverso, “ainda assim, espera-se crescimento este ano”. João Leão diz que “ainda há margem de recuperação da economia, apesar do contexto adverso da crise”, uma margem conquistada, salientou, pelo “impulso que vem da forte recuperação do final do ano, que permite antever crescimento significativo”.
No quarto trimestre de 2021, a economia portuguesa cresceu 1,6% em cadeia (face ao terceiro trimestre) e 5,8% em termos homólogos. No conjunto de 2021, o INE confirmou um crescimento de 4,9%, acima dos 4,8% que o Governo estimava. Isto depois de em 2020 a economia ter contraído 8,4%, uma queda história.
Economia portuguesa ainda não chegou aos níveis pré-pandemia. Há países europeus que já lá estão
Ainda assim a economia ainda não tinha recuperado, no final de 2021, face aos níveis pré-pandémicos, o que deixa mais margem para crescer.
João Leão salientou a necessidade de face à guerra na Ucrânia a Europa manter “uma política orçamental ágil e flexível, para os países enfrentarem esta situação”.
Esta segunda-feira um dos temas do Eurogrupo vai ser uma nova prorrogação do restabelecimento das regras europeias que ficaram suspensas com a pandemia até 2023. Estas regras estavam já em revisão — um processo iniciado antes da guerra na Ucrânia — mas a reposição dos limites de défice e dívida deve ser adiado. A decisão final será tomada em maio. Ainda assim João Leão salienta que os os países com dívidas mais elevadas — como é o caso de Portugal — deviam começar a reduzi-las, e esse processo de redução é preciso ser retomado. Mas, acrescentou, “de forma gradual e compatível com ajuda à recuperação económica num contexto incerto como o atual.”
O ministro das Finanças salientou, por outro lado, que Portugal continua a lançar apoios para que as empresas e famílias enfrentem as consequências de mais esta crise, nomeadamente com o agravamento dos preços no setor da energia.
Nas últimas projeções feitas — anteriores à guerra — a Comissão Europeia reviu em alta a projeção para o crescimento económico deste ano, para 5,5%, o mesmo que o Governo antecipava na proposta de Orçamento do Estado para 2022 que foi chumbada. O Governo já disse que haverá uma revisão em baixa do crescimento económico.