São segundos de verdadeira angústia. Na terceira ronda de Indian Wells, contra Elena Rybakina, Victoria Azarenka preparava-se para servir a meio do segundo set depois de ter perdido o primeiro e ter cometido uma dupla falta. Pediu bolas, tentou, levou o braço à cara, voltou a tentar e percebeu que não ia conseguir. De um momento para o outro, a tenista lançou-se num choro compulsivo e inconsolável que se tornou ainda mais aflitivo com o aplauso unânime das bancadas, algo que a fez colocar-se de cócoras junto ao chão.

A árbitra da partida desceu da cadeira para perceber o que se passava com a tenista, que já conquistou duas vezes o Open da Austrália, e Azarenka só foi capaz de dizer “peço desculpa, peço muita desculpa”. Pouco depois, porém, a árbitra falou com Rybakina e recomeçou o encontro, com a cazaque a acabar por vencer, eliminando a antiga número 1 do mundo.

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Ainda que não seja possível ter certezas sobre a motivação das lágrimas de Azarenka, até porque a tenista não deu qualquer justificação e apagou as redes sociais depois do jogo, a verdade é que tudo pode estar relacionado com a invasão da Ucrânia por parte da Rússia. Nascida na Bielorrússia, Azarenka foi uma das atletas afastadas da Billie Jean King Cup e tem competido de forma neutra no circuito WTA, sem as cores do país que representa — e que apoia o regime russo. Ainda assim, a tenista tem sido uma das vozes mais críticas da guerra em território ucraniano, criticando a atitude dos bielorrussos.

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“Estou devastada com as ações que tiveram lugar nos últimos dias contra e na Ucrânia. É de partir o coração ver como tanta gente inocente foi afetada e continua a ser afetada pela violência. Desde a minha infância que sempre vi o povo ucraniano e bielorrusso, bem como ambas as nações, como sendo amigáveis. Ajudavam-se. É difícil testemunhar uma separação violenta em vez de haver apoio, de se encontrar compaixão pelo outro. O meu coração está com todos os que são diariamente afetados por esta guerra que tanta dor causa para muitos. Desejo que haja paz e que a guerra acabe”, escreveu Azarenka nas redes sociais há cerca de duas semanas.

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Depois da partida, à falta de uma declaração da tenista bielorrussa de 32 anos, Elena Rybakina acabou por comentar o episódio. “Foi um momento difícil. Espero que esteja tudo bem com ela porque não sei o que se passou. Só posso dizer que continuámos a jogar e ela continuou a lutar. Ninguém entendeu o que se passou. Se tivesse chamado o fisioterapeuta ou o médico, era uma coisa… Mas parámos um par de minutos e continuámos a jogar”, disse a tenista do Cazaquistão.