O Presidente da Ucrânia falou, esta terça-feira, aos deputados do Parlamento do Canadá e voltou a pedir a criação de uma zona de exclusão aérea (no fly zone).

Quantos mísseis ainda precisam de cair nas nossas cidades?”, disse Volodymyr Zelensky, acrescentando que continua à espera dos aviões que foram prometidos para combater os russos. “Então e os aviões? A resposta: ‘é para já, aguardem só um bocadinho, mas estamos muito preocupados’.”

No seu discurso, Zelensky começou por pedir aos deputados para imaginarem o que seria, por exemplo, a destruição do aeroporto de Otava, o bombardeamento da Torre de Cien, em Toronto, ou o bloqueio de cidades como Vancouver, com os civis impedidos de saírem, tal como está a acontecer em Mariupol.

“Justin [Trudeau, primeiro-ministro do Canadá], estimados presentes, meus senhores, imaginem o que é todos os dias ouvirem relatos de crianças mortas”, afirmou o Presidente ucraniano, indicando que já morreram 97 crianças desde o início da guerra.

O Presidente ucraniano referiu ainda que o Canadá “tem sido sempre, é e continuar a ser” um “parceiro fiável” da Ucrânia e tem dado “armas” e os “apoios necessários”, como a aplicação de sanções à Rússia. Ainda assim, o líder ucraniano pediu ao país para “fazer mais” para ajudar a Ucrânia no combate contra a Rússia.

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“O Canadá já está a mostrar a liderança necessária, já está a fazer esforços, mas pedimos mais envolvimento”, afirmou o Presidente ucraniano, que apelou ao país para obrigar “muito mais empresas a sair do mercado russo para que não haja nem um dólar para continuar com esta guerra”.

Se eles continuam na Rússia a patrocinar a guerra, então não têm direito a trabalhar no Canadá. Se for assim, conseguiremos paz.”

Zelensky voltou a dizer que o objetivo da Rússia é “destruir o povo ucraniano” e pediu para o Canadá não parar de ajudar o seu país: “Peço não parem, não parem de ajudar a Ucrânia. Sei que a nossa coligação antiguerra com o Canadá vai trazer resultados. Queremos viver e aspiramos pela paz”, disse ainda Zelensky, agradecendo o apoio canadiano.

Agradeço o vosso apoio, ao Parlamento, a cada cidadão do Canadá. Agradeço a ti, Justin [Trudeau, primeiro-ministro do Canadá], em nome do povo ucraniano. Tenho a certeza que juntos, e apenas juntos, conseguiremos vencer todos os inimigos.”

“Todos nós somos alvos da Rússia”. Zelensky avisa Boris e governos europeus que Putin não vai ficar pela Ucrânia

Ainda esta terça-feira, Zelensky deixou um aviso a Boris Johnson e um grupo de representantes de governos bálticos e nórdicos, reunidos em Londres: “Todos nós somos alvos da Rússia. Ajudem-se a vós próprios ajudando-nos a nós“, afirmou o responsável através de vídeo.

“Ainda podemos parar a máquina de guerra russa, ainda podemos parar a matança de pessoas”, acrescentou Zelensky, avisando que “é mais fácil fazermos isso em conjunto – caso contrário, depois eles irão atacar-vos a vocês”.

Boris Johnson, anfitrião desta iniciativa, concordou com a análise feita pelo Presidente ucraniano e disse que este é “um momento de grande desespero”. Os líderes do Ocidente “têm de tentar fazer mais para vos apoiar”, afirmou o primeiro-ministro britânico, dirigindo-se ao Presidente ucraniano.

Boris Johnson Hosts Summit For Members Of The Joint Expeditionary Force

Boris Johnson concordou com a análise feita pelo Presidente ucraniano e disse que este é “um momento de grande desespero”

Cinco mortos nos bombardeamentos em Kiev

Num novo vídeo divulgado também esta terça-feira, o Presidente da Ucrânia avançou que morreram cinco pessoas nos bombardeamentos, que ocorreram esta manhã, contra edifícios em Kiev.

“[Os russos] destruíram quatro prédios residenciais, agora estamos a falar em cinco mortos”, indicou Volodymyr Zelensky, referindo ainda que os corredores humanitários abriram “parcialmente” esta terça-feira. O autarca da capital tinha inicialmente falado em quatro vítimas mortais.

Zelensky acusou ainda a Rússia de estar a “tentar destruir” o seu país, considerando que com estas ações, Moscovo está também a destruir-se: “Cada tiro contra a Ucrânia, isto é um passo que a Rússia dá para se destruir, para se isolar… todos saem da Rússia agora, todos os que conseguem pensar: programadores, empresários, artistas”, afirmou o Presidente ucraniano, acrescentando que Moscovo nunca sentiu “um golpe tão duro para o capital humano”.