Pelo menos três dos cerca de dez homens que na madrugada deste sábado agrediram quatro agentes da PSP fora de serviço nas imediações da discoteca Mome, em Lisboa, já foram identificados pela Polícia Judiciária. A notícia foi avançada este domingo de manhã pela CNN Portugal, que ao início da tarde revelou que dois dos suspeitos já terão sido mesmo detidos.
De acordo com o canal, os dois suspeitos, fuzileiros, deveriam partir numa missão das Nações Unidas ao estrangeiro nos próximos dias. Terão sido retidos este domingo de manhã em instalações da Marinha e estarão a aguardar a detenção oficial por parte da Polícia Judiciária.
Os agressores, que poderão incorrer na “prática de crime de homicídio na forma tentada”, anunciou este sábado a PSP em comunicado, pertencerão aos Fuzileiros, corpo de elite das Forças Armadas, e terão ligações a um ginásio de boxe na margem sul do Tejo.
Poderá ter sido o grito repetido enquanto pontapeavam Fábio Guerra, o agente da esquadra de Alfragide que está internado em estado crítico e em coma induzido no Hospital de São José, a dar a primeira pista às autoridades. “Isto é Sesimbra!”, terão gritado, segundo testemunhas ouvidas pelo Correio da Manhã, enquanto pontapeavam o agente, de 26 anos, natural da Covilhã, já prostrado no chão.
De acordo com o jornal, apesar de terem sido inspecionadas pelas autoridades, as imagens de videovigilância do Mome, discoteca de três pisos no 68 da Avenida 24 de Julho, onde em tempos funcionou a Kapital e depois disso a discoteca Main, e do vizinho Hype Club não serão esclarecedoras, já que as agressões a Fábio Guerra e aos outros três agentes terão acontecido num “ponto morto” entre câmaras. Ainda assim, os sistemas de gravação de vídeo de outros estabelecimentos nas imediações e os relatos de testemunhas presentes no local terão ajudado a identificar os agressores.
Segundo o Público (edição impressa), alguns deles terão cadastro e pelo menos dois terão desempenhado atividades de segurança ilegal na noite de Lisboa.
Agressões a quatro polícias ocorreu no exterior da discoteca Mome em Lisboa
Seriam 6h45 de sábado quando Fábio Guerra e os três colegas, também eles agentes da esquadra da PSP de Alfragide, todos formados no penúltimo curso de Polícia da PSP, findo em outubro de 2020, saíram da Mome e se depararam, no exterior, com o início de uma altercação entre um grupo de uma dezena de clientes e seguranças da discoteca, diz o Público. Citando fontes policiais, o jornal avança que os agentes terão sido agredidos, inicialmente, “tanto por seguranças como pelos elementos do grupo”.
Este sábado, à Rádio Observador, João Magalhães, proprietário do Mome, garantiu que não houve intervenção de qualquer segurança do espaço, facto que também será confirmado pelas imagens de videovigilância, diz. “Isto passou-se tudo na via pública e não teve início no interior da discoteca.”
Na tentativa de por cobro à cena de “pancadaria”, como a caracterizou João Magalhães, os quatro ter-se-ão identificado como agentes da PSP mas em “poucos segundos”, escreve o Público, terão sido envolvidos na confusão. Terão sido minutos de extrema violência, com Fábio Guerra a acabar por cair ao chão — e a ser repetidamente agredido, nomeadamente com pontapés na cabeça. Segundo o CM, o agente terá entrado em paragem cardiorrespiratória e terá tido de ser reanimado no caminho para o Hospital de São José, onde lhe terão sido detetados um coágulo e um aneurisma no cérebro e onde permanece, “a lutar pela vida”, disse a PSP em comunicado.
Os três colegas, que também receberam assistência hospitalar mas sofreram apenas ferimentos leves, receberam alta pouco tempo depois. De acordo com o Correio da Manhã, mais tarde ainda percorreram a zona, na companhia de outros amigos, em busca dos agressores, mas já não encontraram ninguém.
Artigo atualizado às 13h25 com a informação da detenção de dois dos suspeitos das agressões