A poluição média anual do ar em todos os países – e em 97% das cidades – é superior às recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), conclui o mais recente relatório da IQAir, empresa que estuda a qualidade do ar. Em 2021, apenas 222 cidades das 6.475 analisadas respeitaram alguns critérios da OMS, e só três territórios os cumpriram totalmente: a Nova Caledónia, Porto Rico e as Ilhas Virgens Americanas.
Bangladesh, Chade, Paquistão e Índia estão entre os países com a pior qualidade do ar. Já a China aparece na 22.º posição, visto que mais de metade das cidades registou níveis mais baixos de poluição em comparação com o ano anterior. Pequim foi uma delas.
A azul estão representados os territórios com melhor qualidade do ar e, à medida que a escala se aproxima do roxo, os níveis pioram
Um fator preocupante é que a floresta da Amazónia emitiu mais dióxido de carbono do que absorveu no ano passado. Esta tem sido apontada como uma das consequências da desflorestação e dos incêndios florestais que têm devastado aquela zona.
Por outro lado, a Austrália, o Canadá, o Japão e o Reino Unido estão entre os países com melhor qualidade do ar. Portugal também está bem posicionado: é o 104º país na lista de 117 — sendo que quanto mais baixa a posição, melhor é a qualidade do ar.
Este relatório sublinha a necessidade de os governos do mundo inteiro ajudarem a reduzir a poluição do ar”, destacou Glory Dolphin Hammes, CEO da IQAir norte americana, à CNN. “[Partículas finas] matam muitas pessoas todos os anos e os governos precisam de definir padrões nacionais de qualidade do ar mais rigorosos e explorar melhores políticas externas que promovam esse fim”.
As diretrizes sobre a poluição do ar da OMS, que foram atualizadas em setembro de 2021, reduziram para metade a concentração aceitável de particulas finas – PM 2.5 – de 10 para 5 microgramas por metro cúbico.
A poluição do ar causa a morte de milhões de pessoas todos os anos: em 2016, cerca de 4.2 milhões de mortes prematuras foram associadas à exposição às partículas finas. Se aplicadas as orientações de 2021 a esse ano, a OMS descobriu que poderiam ter sido evitadas quase 3.3 milhões das 4.2 milhões ocorridas.
Os dados, contudo, são condicionados pela presença de estações de monitorização do ar em cada país — em alguns países em desenvolvimento de África, América do Sul e Médio Oriente há poucas. Pela primeira vez, por exemplo, o país africano Chade foi incluído no relatório graças à melhoria na rede, e a IQAir descobriu que, aí, a poluição do ar é a segunda mais elevada do mundo: é só superada pelo Bangladesh.
É preciso existir um grande movimento em direção às energias renováveis. Nós precisamos de tomar medidas drásticas para reverter a corrente do aquecimento global; caso contrário, o impacto e o comboio em que estamos [serão] irreversíveis”, remata Hammes.