Em 2002 com a África do Sul, em 2010 com Portugal, em 2014 e em 2018 com o Irão. Carlos Queiroz já era o treinador no ativo com mais apuramentos para Campeonatos do Mundo — esta terça-feira, procurava chegar ao quinto, o quarto consecutivo, e ficar apenas atrás dos seis do brasileiro Carlos Alberto Parreira. Para isso, e depois da vitória da última sexta-feira, bastava ao Egito um empate contra um Senegal que procurava repetir a desilusão imposta a Salah e companhia na recente final da CAN decidida nas grandes penalidades.

Meio caminho está feito: Egito de Queiroz vence Senegal e está a um empate do quinto Mundial da carreira (quarto consecutivo)

“A equipa está preparada. Todos os jogadores estão disponíveis, sem lesões. Temos um grupo de jogadores humildes, disciplinados e trabalhadores. Temos muita confiança nos nossos jogadores e, se jogámos bem na primeira mão, podemos jogar ainda melhor nesta partida. Esta é a mentalidade que seguimos. É uma pena que as duas melhores equipas de África tenham de se defrontar três vezes em tão pouco tempo. Se fosse eu a decidir, teria qualificado as duas melhores equipas da CAN diretamente para o Mundial. Mas as regras estão definidas e só a melhor equipa poderá qualificar-se. Com todo o respeito, espero que a melhor equipa seja o Egito”, disse Queiroz na antevisão da segunda mão do playoff e depois da vitória egípcia no primeiro jogo, no Cairo, graças a um autogolo de Ciss (0-1).

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Em Diamniadio, a cerca de 30 quilómetros de Dakar, o Egito tinha a oportunidade de se vingar da derrota na final da CAN e deixar o Senegal de fora do Mundial do Qatar. Mas, para o treinador português, o adversário da seleção era o mesmo de sempre — a própria seleção. “Se estivermos focados, estou confiante de que faremos um jogo muito especial. Não estamos no Senegal para empatar, queremos vencer. Somos o Egito, uma potência de África. A minha filosofia é de que não jogamos contra o Senegal, Camarões, Nigéria ou Costa do Marfim, jogamos sempre contra nós próprios e temos sempre que ser melhores”, acrescentou Carlos Queiroz.

Ora, de forma natural, Salah era titular do lado do Egito e Mané era titular do lado do Senegal — enquanto que Loum, jogador que pertence aos quadros do FC Porto e está emprestado ao Alavés, era suplente nos senegaleses. O Senegal entrou no jogo praticamente a ganhar: num dos primeiros lances da partida, na sequência de um livre cobrado na esquerda e de um alívio pouco eficaz ao segundo poste, a bola sobrou para Dia e o avançado acabou por abrir o marcador (4′), com o autogolo a ser atribuído a Fathi. Sem que ainda estivessem cumpridos cinco minutos, a eliminatória e o apuramento estavam relançados e o marcador tinha regressado à estaca zero, algo que fez com que os ânimos se exaltassem nas bancadas, dentro de campo e até na linha técnica, onde Aliou Cissé e Carlos Queiroz tiveram de ser afastados pelo árbitro.

O jogo decorreu sem grandes oportunidades até ao intervalo mas o Senegal ia demonstrando alguma superioridade, já que o Egito parecia claramente mais preocupado com a necessidade de não sofrer golos do que com a obrigatoriedade de os marcar. Queiroz foi forçado a fazer duas alterações durante a primeira parte, devido às lesões de Omar Gaber e Ramy Rabia, e Ashraf e Ashour entraram em campo para colmatar as ausências. Nada mudou no segundo tempo e a partida — bem como a eliminatória — seguiu para prolongamento para definir que seleção garantia o apuramento para o Mundial do Qatar.

Nada mudou na meia-hora extra e o jogo seguiu para a decisão por grandes penalidades — assim como tinha acontecido na final da CAN. E a história, infelizmente para Carlos Queiroz, repetiu-se: o Egito marcou apenas um penálti em quatro e Salah foi um dos que falhou, o Senegal respondeu com três em cinco e Mané foi quem carimbou a qualificação senegalesa para o Mundial do Qatar, deixando os egípcios de fora da competição. Depois de falhar a CAN, Queiroz falhou o quinto Mundial da carreira.