A Ucrânia insistiu, esta quarta-feira, que um acordo com a Rússia apenas será possível após a retirada das suas tropas, enquanto o Kremlin avisou Kiev de que o estatuto de independência da Crimeia e das repúblicas separatistas é intocável.

Um conselheiro do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que tem participado nas negociações entre os dois países disse quarta-feira que um possível acordo com a Rússia apenas poderá ser assinado depois de as tropas russas terem abandonado o país invadido.

Mykhailo Podolyak adiantou que as forças russas devem retirar para as suas posições antes da invasão de 24 de fevereiro para abrir caminho a um acordo de paz que venha a ser colocado a referendo nacional.

Do lado de Moscovo, o negociador-chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, avisou a Ucrânia de que para o Presidente Vladimir Putin o estatuto de independência das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e de Lugansk, de separatistas pró-russos, na região de Donbass, bem como da península da Crimeia (anexada pela Rússia em 2014), são intocáveis.

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“Quero sublinhar que a posição de princípio do nosso país em relação à Crimeia e ao Donbass permanece inalterada”, disse Medinsky, numa entrevista à televisão pública russa.

Na terça-feira, Zelensky disse que as negociações russo-ucranianas estavam a decorrer num tom positivo, mas sublinhou que “a soberania e a integridade territorial da Ucrânia deveriam sempre ser garantidas”.

Putin reconheceu a independência das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk dias antes de invadir a Ucrânia, alegadamente porque as autoridades dos territórios ucranianos separatistas pediram ajuda a Moscovo face às agressões do governo de Kiev.

Nas últimas semanas, Putin e os líderes separatistas têm repetido que o seu objetivo é recuperar o controlo de todo o território administrativo dessas autoproclamadas repúblicas.

Na terça-feira, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigou, disse que, nesta fase, o exército russo se vai concentrar na conquista da região de Donbass.

Apesar destas divergências, Medinsky sublinhou após a quinta ronda de negociações em Istambul que, “pela primeira vez em muitos anos, as autoridades de Kiev expressaram a sua disposição de chegar a um acordo com a Rússia”.

“A Ucrânia está disposta a cumprir as principais exigências colocadas pela Rússia nos últimos anos”, disse o negociador russo, referindo-se à renúncia da Ucrânia em entrar na NATO, possuir, adquirir ou desenvolver armas nucleares ou outras armas de destruição em massa e receber bases ou contingentes militares estrangeiros.

Se estas exigências forem atendidas, então a ameaça de criação no território ucraniano de uma plataforma da NATO ficará afastada”, concluiu Medinsky.

De acordo com os relatos da mais recente ronda de negociações feitos pelos “media”, a Rússia terá renunciado a outras exigências, como a “desnazificação” da Ucrânia.