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Mapa da guerra. O que se sabe sobre o 36.º dia do conflito na Ucrânia

Este artigo tem mais de 2 anos

Putin diz que ainda não há condições para um cessar-fogo na Ucrânia e exige pagamento de gás em rublos. Ucrânia recuperou o controlo da central de Chernobyl e Rússia atacou comboio humanitário.

Russian attacks in Ukraine's Chernihiv
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Chernihiv tem sido fortemente bombardeada, apesar de promessas de recuo militar

Anadolu Agency via Getty Images

Chernihiv tem sido fortemente bombardeada, apesar de promessas de recuo militar

Anadolu Agency via Getty Images

O 36.º dia de guerra na Ucrânia está a ser marcado por várias movimentações diplomáticas. O Presidente russo diz que ainda não há condições para um cessar-fogo, ao mesmo tempo que o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, admitiu a possibilidade de se encontrar com o homólogo ucraniano. Mais tarde, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, anunciou que viajou para Kiev, tornando-se a primeira alta responsável europeia a fazê-lo.

Continuam as negociações sobre o estatuto de neutralidade da Ucrânia, com a Turquia a assumir disponibilidade para ser garante de segurança do país.

Esta quinta-feira Chernihiv continua debaixo de fogo, com bombardeamentos e ataques com mísseis: apesar de Moscovo ter prometido reduzir a atividade militar na região, atacou um comboio humanitário, fazendo um morto e quatro feridos. Também o prometeu em Kiev, onde, de facto, a noite foi mais calma, mas ao início da tarde foi ouvida uma forte explosão no centro da capital.

Em Mariupol foi aberto um corredor humanitário que permitiu a saída de civis com destino à região de Zaporijia, mas a Ucrânia queixou-se de haver muitos autocarros retidos.

As forças russas continuam a controlar o leste e o sul da Ucrânia, não tendo, no entanto, avançado ainda para Odessa. No norte do país, o exército russo mantém presença forte em Chernihiv, mas continua a não conseguir avançar sobre Kiev, apesar de várias tentativas. Ainda no norte, há um vasto território em disputa, entre Sumy e Chernihiv, onde as forças russas têm feito avanços, mas ainda não controlam. Também no leste, perto de Izyum, há território em disputa, bem como no sul, perto de Melitopol.

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Trostyanets, a segunda cidade ucraniana, que tinha sido conquistada pela Rússia, já foi reconquistada.

Aqui fica um ponto de situação para compreender o que aconteceu nas últimas horas. Pode também seguir os desenvolvimentos, minuto a minuto, no liveblog do Observador.

O que aconteceu durante a tarde e início da noite?

    • A central nuclear de Chernobyl, tomada pelas forças russas desde o início da invasão à Ucrânia, voltou a ser controlada pela Ucrânia. De acordo com fontes ucranianas, os militares saíram de Chernobyl por sofrerem de envenenamento por radiação.
    • O Alto Comissariado da ONU anunciou que a guerra na Ucrânia já provocou pelo menos 1.232 mortos e 1.935 feridos civis, apesar de estes dados estarem “aquém dos números reais”.
    • A Rússia garantiu que vai abrir novos corredores humanitários para permitir a saída da cidade de Mariupol já amanhã. Mas a Ucrânia não acredita: as autoridades locais dizem que os russos continuam a não respeitar os cessar-fogo acordados e que os 45 autocarros que se dirigiam para Mariupol, como parte de um corredor humanitário para retirar civis da cidade, estão retidos no posto de controlo em Vasylivka.
    • Uma pessoa morreu e quatro ficaram seriamente feridas num ataque russo a um corredor de evacuação na cidade ucraniana de Chernigiv, que fica perto da fronteira com a Bielorrússia. Seriam todos voluntários civis.
    • Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, é a primeira alta responsável europeia a viajar para Kiev. A maltesa confirmou no seu Twitter a deslocação, acrescentando a hashtag de apoio à Ucrânia #StandWithUkraine.
    • Foi noticiado que o presidente chinês, Xi Jinping, vai realizar uma cimeira virtual com membros da Comissão Europeia, incluindo a presidente, Ursula von der Leyen, esta sexta-feira. A União Europeia deverá pedir-lhe que não envie armamento para a Rússia nem ajude Putin a contornar as sanções do Ocidente.
    • O Governo norte-americano decidiu colocar restrições ao comércio com mais 120 entidades russas e bielorrussas, incluindo nos setores da Defesa, aéreo e marítimo, o que pode dificultar, por exemplo, a compra de materiais para tanques ou aviões de combate.
    • Após uma conferência com 35 parceiros, o Reino Unido decidiu enviar artilharia de maior alcance e mísseis antiaéreos à Ucrânia. O ministro da Defesa acredita que os russos estão a reagrupar-se a leste.
    • Joe Biden voltou a falar sobre Vladimir Putin, garantindo que o presidente russo “se autoisolou” e que há “indicações” de que “despediu” ou “colocou em prisão domiciliária” os seus conselheiros. Biden culpou ainda a “invasão brutalmente selvagem” pelo aumento do preço dos combustíveis.
    • Entretanto, Putin já assinou o decreto que exige que os pagamentos pelas compras de gás sejam feitos em rublos, de forma a defender a “soberania” russa. Segundo o Guardian, o decreto determina que os compradores estrangeiros tenham de pagar em rublos o gás russo a partir de 1 de abril. Os contratos serão suspensos se os pagamentos não forem feitos dessa forma. Putin também assinou um decreto para o recrutamento de 134.500 jovens dos 18 aos 27 anos, que não estão na reserva, para o exército russo.

O que aconteceu durante a manhã?

  • O Presidente da Rússia disse que ainda não há condições para um cessar-fogo na Ucrânia. A informação foi avançada pelo primeiro-ministro italiano, depois de ontem Mario Draghi ter falado com Vladimir Putin.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Mevlut Cavusoglu, avançou que está a ser pensado um encontro entre os chefes da diplomacia russa e ucraniana. Horas depois, o chefe da diplomacia russa, Sergey Lavrov, veio dizer que não recusaria um encontro entre si e o seu homólogo ucraniano, mas sublinhou que as conversações teriam de ser “substanciais”.
  • A Turquia diz estar disponível para assumir o papel de garante de segurança da Ucrânia, confirmou o Presidente Erdogan, numa altura em que a neutralidade de Kiev está em discussão, como condição para o fim da guerra.

Ucrânia disposta a aceitar neutralidade, Rússia reduz presença militar em Kiev: as conclusões da mais recente ronda negocial

  • Duas pessoas morreram e cinco ficaram feridas num ataque russo a uma base militar na região de Dnipro, avançou o governador Valentyn Reznichenko.
  • O número de mortos no ataque a um edifício estatal em Mykolaiv, uma cidade no sul da Ucrânia, continua a aumentar. Hoje os serviços de emergência deram conta de 16 vítimas.
  • O presidente ucraniano falou aos parlamentos de três países esta quinta-feira: Austrália, Países Baixos e Bélgica. Aos deputados australianos, Zelensky falou sobre a possibilidade de um ataque russo com armas nucleares e, perante uma possível “contaminação radioativa” que afetará o mundo, o presidente da Ucrânia pediu mais sanções “que mostrem que essa chantagem é destrutiva”. O apelo a um reforço das sanções foi repetido horas depois junto do hemiciclo holandês, a quem o chefe de Estado ucraniano também pediu armas e ajuda para reconstruir o país.
  • O secretário-geral da NATO confirmou que as tropas russas estão a reposicionar-se para aumentar ofensiva, e não a recuar, como tinha sido anunciado por Moscovo.
  • O gabinete do procurador-geral da Ucrânia divulgou dados atualizados sobre vítimas menores da guerra: desde o início do conflito morreram 148 crianças e 232 ficaram feridas.
  • O governo ucraniano avançou também com números sobre as baixas russas: terão morrido cerca de 17.500 militares russos desde 24 de fevereiro.
  • O governo britânico adicionou 14 pessoas e entidades à lista de alvos russos das sanções, incluindo empresas de comunicação social e o chefe do Controlo Central e Comando de Defesa Nacional, Mikhail Mizinitsev, conhecido como o “carniceiro de Mariupol”.

Quem é o “carniceiro de Mariupol”, agora alvo de sanções britânicas?

O que aconteceu durante a madrugada?

  • O rublo, recuperou para níveis anteriores ao início da guerra na Ucrânia. Hoje a moeda russa está a ser negociada a 75.5 rublos por 1 dólar americano — no início de março, com o surgimento de sanções, era preciso gastar quase o dobro, 140 rublos, para comprar um dólar.
  • O presidente da câmara de Kiev, Vitaliy Klychko, anunciou que uma delegação ucraniana partiu para a Alemanha, onde terá “encontros com políticos de alta patente”.
  • O Ministério da Defesa do Reino Unido garante que Chernihiv continua a ser alvo de bombardeamentos e ataques com mísseis, apesar de Moscovo ter anunciado que ia reduzir a atividade militar na região.
  • Durante a manhã, Mariupol terá um novo corredor humanitário e já foram registados progressos. Segundo Iryna Vereshchuk, vice-primeira-ministra ucraniana, já partiram autocarros para a cidade portuária.
  • O Presidente da Ucrânia gravou mais um vídeo, em que afirma que há “uma há uma situação real no campo de batalha” e voltou a reiterar que, independentemente das negociações, não vai “entregar nada”.

Volodymyr Zelensky: “Não acreditamos em ninguém, não confiamos em nenhuma bonita construção verbal”

  • Segundo a UNICEF, dois milhões de crianças tiveram de fugir com a situação a agravar-se na Ucrânia.

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