O 38.º dia de guerra na Ucrânia começou com o anúncio da abertura de sete corredores humanitários, sendo que um deles deverá permitir a saída de moradores de Mariupol, a cidade portuária que há várias semanas é alvo de fortes ataques por parte das tropas russas e de onde, nas últimas 24 horas, conseguiram fugir mais de três mil pessoas. As autoridades ucranianas adiantaram ainda que, desde o início do conflito, morreram 158 crianças.

Entrevista ao casal de médicos que conseguiu sair de Mariupol. “Fugimos do Inferno. Tropeçava-se em cadáveres na rua”

O Papa Francisco disse, também este sábado, estar a ponderar viajar até à capital da Ucrânia. O líder da Igreja Católica já foi convidado a ir a Kiev pelo Presidente da Ucrânia, pelo autarca da capital, pelo arcebispo-mor de Kiev e chefe da Igreja greco-católica ucraniana e pelo embaixador da Ucrânia no Vaticano.

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Este 38.º dia de guerra foi marcado pelo anúncio de que as tropas ucranianas recuperaram o controlo total da região de Kiev e reconquistaram mais de 30 localidades em redor da capital. Também a cidade de Brovary, a cerca de 20 quilómetros de Kiev, está novamente nas mãos do ucranianos, de acordo com as autoridades.

No campo diplomático, o negociador-chefe da delegação ucraniana, David Arakhamia, avançou que a Rússia aceita “a posição da Ucrânia”, com exceção da Crimeia, e que os presidentes da Rússia e da Ucrânia se devem encontrar em breve, na Turquia, para discutir um acordo de paz.

Ainda na noite de sexta-feira, Kiev acusou a China de ter atacado mais de 600 sites que pertencem ao ministério da Defesa ucraniano. Este ciberataque a instalação militares e nucleares da Ucrânia ocorreu dias antes do início da invasão russa.

Acompanhe aqui o ponto de situação do 38.º dia de conflito:

O que é que aconteceu durante a noite?

  • O negociador-chefe da delegação ucraniana, David Arakhamia, avançou que a Rússia aceita “a posição da Ucrânia”, com exceção da Crimeia, e que os presidentes da Rússia e da Ucrânia se devem encontrar em breve para discutir um acordo de paz. A reunião deve acontecer na Turquia.

Luz ao fundo do túnel. Negociador-chefe ucraniano diz que Rússia “aceita a posição” da Ucrânia

  • A ministra dos Negócios Estrangeiros britânica anunciou que o Reino Unido está a recolher provas, juntamente com outras entidades, para apoiar o Tribunal Penal Internacional na investigação a crimes de guerra. O anúncio surge depois de notícias sobre 280 pessoas enterradas em valas comuns em Bucha.

Pessoas enterradas em valas comuns e “corpos no chão” nas ruas em Bucha

  • O parlamento da Ucrânia informou que 274 centros médicos foram danificados, 70 ambulâncias foram destruídas, nove profissionais médicos morreram e outros 30 ficaram feridos desde o início da invasão russa.
  • O Presidente ucraniano disse que as forças russas querem controlar o leste e o sul da Ucrânia. Volodymyr Zelensky afirmou também que os países ocidentais não forneceram a Kiev sistemas antimísseis suficientes.
  • As forças russas destruíram a maior refinaria de petróleo da Ucrânia, em Kremenchuk, cidade que na sexta-feira foi atingida por mísseis russos.
  • As autoridades do país encontraram e desativaram 643 explosivos em Irpin. Os moradores da cidade não vão poder regressar durante um mês, uma vez que, os militares ucranianos vão estar a concluir a limpeza dos explosivos deixados pelos russos.

O que é que aconteceu durante a tarde?

  • As tropas ucranianas recuperaram o controlo total da região de Kiev, segundo a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar.
  • Além da capital, o governo anunciou que os militares ucranianos reconquistaram mais de 30 localidades em redor de Kiev.
  • Em Bucha, perto da capital, foram encontrados pelo menos 20 cadáveres de homens ‘vestidos à civis’ na rua, após a cidade ter sido reconquistada pelos ucranianos às forças russas.
  • Também a cidade de Brovary, a cerca de 20 quilómetros de Kiev, está novamente nas mãos do ucranianos, de acordo com o autarca da cidade.
  • O Ministério da Defesa da Ucrânia acusou a Rússia de sequestrar civis e usá-los como “escudos humanos” para protegerem “as suas colunas de equipamento”.
  • Cerca de 4.217 pessoas foram retiradas de áreas ucranianas “na linha de frente de guerra” através de corredores humanitários, disse vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk.
  • A procuradora-geral ucraniana, Iryna Venediktova, anunciou estar a preparar 2.500 casos de crimes de guerra que ocorreram desde o início da invasão russa.
  • A empresa estatal ucraniana de energia atómica acusou as forças russas de atacarem manifestantes pró-Ucrânia na cidade de Enerhodar, na região de Zaporíjia.
  • A Lituânia tornou-se o primeiro país da União Europeia a proibir importações de gás russo a partir deste mês de abril.
  • O fotojornalista ucraniano Maksim Levin, que estava desaparecido desde dia 13 de março, foi encontrado morto perto de Kiev esta sexta-feira.

O que aconteceu durante a madrugada e esta manhã?

  • A Ucrânia anunciou, na manhã de sábado, que estão previstos para o dia sete corredores humanitários, incluindo uma rota em Mariupol. Nas últimas 24 horas, segundo as autoridades ucranianas, mais de três mil pessoas conseguiram fugir desta cidade portuária.
  • O Papa Francisco está a ponderar viajar até à capital da Ucrânia. A informação foi avançada pelo próprio, este sábado durante uma viagem de avião a caminho de Malta, após uma pergunta de um jornalista.
  • 158 crianças morreram e outras 254 ficaram feridas desde o início da guerra na Ucrânia. O número foi avançado pelas autoridades judiciais ucranianas.
  • A China foi acusada pelos serviços de informação ucranianos de ter feito um ciberataque a instalação militares e nucleares da Ucrânia dias antes do início da invasão russa. Foram atacados mais de 600 sites que pertencem ao ministério da Defesa ucraniano, sendo que houve tentativas de atingir outros setores do governo de Kiev, como os bancos nacionais, o ministério das Finanças ou o setor ferroviário do país.
  • O principal responsável dos serviços humanitários das Nações Unidas irá a Moscovo no domingo para tentar promover uma trégua na Ucrânia. O secretário-geral da ONU, António Guterres, indicou que tanto a Rússia quanto a Ucrânia concordaram em receber Martin Griffiths, que planeia visitar Kiev mais tarde.
  • O Presidente da Ucrânia considerou ser um “erro” a Ucrânia não se juntar à NATO. Numa entrevista à FOX News, Volodymyr Zelensky afirmou que se Kiev se juntasse à organização militar, ela ficaria “mais forte”: “Somos uma adição. Penso que somos um dos componentes importantes no continente europeu.”
  • A Ucrânia anunciou a troca de 86 soldados prisioneiros de guerra com a Rússia após um acordo entre as delegações de negociadores de Kiev e Moscovo. É o segundo acordo deste tipo que é feito desde o início da guerra.
  • As cidades de Poltava, a leste de Kiev, e Kremenchuk foram atingidas por mísseis russos. O responsável pela administração regional de Poltava, Dmitry Lunin, indicou que o ataque danificou infraestruturas e prédios residenciais.
  • As tropas russas retiraram-se do aeroporto Antonov, perto de Kiev. Foi neste aeroporto que foi destruído o maior avião de carga do mundo, o Antonov An-225, três dias depois do início do conflito.
  • O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que 30 países vão juntar-se ao país e colocar no mercado “dezenas de milhões” de barris de petróleo, para travar a escalada de preços devido à guerra na Ucrânia.
  • O presidente da FIFA pediu aos líderes mundiais “diálogo para acabar com as guerras e os conflitos armados”: “Queremos que este Mundial seja o Mundial da paz”, afirmou Gianni Infantino, para quem este campeonato no Qatar “vai ser o melhor da história”.