Perto de 300 pessoas foram enterradas “em valas comuns” em Bucha, uma cidade perto de Kiev que tem sido palco de violentos combates e que foi recuperada pelos soldados ucranianos aos russos, revelou este sábado o presidente do município.

“Em Bucha, já enterrámos 280 pessoas em valas comuns” porque era impossível fazê-lo nos três cemitérios do município, todos eles ao alcance dos militares russos, disse Anatoly Fedoruk à agência AFP, por telefone.

Localizada a cerca de 25 quilómetros de Kiev, Bucha foi recentemente recuperada pelos soldados ucranianos às forças russas.

“Em algumas ruas, pode-se ver 15 a 20 corpos no chão”, mas “não posso dizer quantos mais há nos quintais, atrás das vedações”, continuou o presidente da câmara.

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“Enquanto os desminadores não os tiverem vindo verificar, não é aconselhável apanhá-los” porque podem estar armadilhados, disse.

Segundo Fedorouk, “estas são as consequências da ocupação russa, das ações do inimigo”.

O Ministério da Defesa ucraniano acusa, numa publicação no Twitter, as tropas russas de tentarem incinerar os corpos dos civis mortos numa autoestrada a 20 quilómetros de Kiev.

No seguimento das denuncias sobre Bucha, o Reino Unido anunciou que está a recolher provas para apoiar o Tribunal Penal Internacional na investigação a crimes de guerra. “Os culpados vão ser responsabilizados”, escreveu ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Liz Truss, no Twitter.

A agência AFP tinha noticiado este sábado que os corpos de pelo menos 20 homens com roupas civis estavam deitados numa rua em Bucha. Um dos homens tinha as mãos atadas e os corpos estavam espalhados por várias centenas de metros.

As forças ucranianas só conseguiram penetrar completamente em Bucha há um ou dois dias atrás. Antes disso, encontrava-se inacessível há quase um mês.

Os militares ucranianos presentes distribuíram ajuda à população pela primeira vez desde que a cidade voltou a estar sob controlo governamental.

As forças russas estão a fazer uma “retirada rápida” das regiões de Kiev e Chernigury, no norte da Ucrânia, com o objetivo de se reposicionarem a leste e a sul, disse este sábado o governo ucraniano.