O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta terça-feira que quando exerceu funções diretivas na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) conheceu “casos de indisciplina ou de problemas entre docentes e discentes, poucos, pontuais”.

O chefe de Estado, que falava em resposta aos jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa, a propósito das recentes denúncias de assédio moral e sexual e discriminação que segundo o Diário de Notícias abrangem 31 professores e assistentes da FDUL, ressalvou: “Destes, não tenho conhecimento”.

50 queixas de assédio moral e sexual na Faculdade Direito da Universidade de Lisboa

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“O juízo que eu posso como Presidente da República Portuguesa formular é o de que todas as instituições estão submetidas à Constituição e à lei e aos valores de que são portadoras e, portanto, é bem-vindo tudo aquilo que significa a aplicação da Constituição e da lei”, considerou.

Marcelo Rebelo de Sousa referiu que entre 1985 e 1989 presidiu ao conselho diretivo da FDUL — onde se licenciou e foi professor desde 1972 — e que mais tarde foi presidente do conselho científico.

“Daquilo que eu me recordo da minha experiência diretiva”, afirmou, “houve casos, não propriamente caracterizados como hoje o são, mas casos de indisciplina ou de problemas entre docentes e discentes, poucos, pontuais, muito poucos”.

O professor catedrático de Direito, entretanto jubilado, acrescentou que “a questão que surgiu nesses poucos casos foi a dificuldade de determinar quem exercia o poder disciplinar”, porque “não havia nenhum órgão da faculdade com esse poder” e “a nível da universidade também não havia”.

E houve que encontrar uma solução complexa do ponto de vista jurídico para resolver um ou dois casos que entretanto surgiram“, concluiu, sem fazer mais declarações sobre este assunto.

Na segunda-feira o Diário de Notícias noticiou que “em 11 dias” houve “10% dos docentes da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa denunciados por assédio e discriminação”, através de um “canal aberto” para receção de denúncias.

Segundo o jornal, “houve 70 denúncias, 50 das quais foram validadas como relevantes”, que “dizem respeito a 31 docentes, ou seja, cerca de 10% do total de professores e assistentes da escola”.

O relatório desta experiência, elaborado por uma comissão paritária de três docentes e três alunos criada por iniciativa do Conselho Pedagógico, ao qual o Diário de Notícias teve acesso, conclui pela existência de “problemas sérios e reiterados de assédio sexual e moral perpetrados por docentes” desta faculdade.