Sergei Lavrov comparou, esta segunda-feira, o ataque a uma maternidade em Mariupol com o massacre cometido em Bucha, dizendo que ambas fazem parte de uma “campanha de desinformação” do Ocidente e da Ucrânia. “Não será a última, mas é a mais recente”, ironizou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo.

Numa conferência de imprensa após um encontro com os representantes da Liga Árabe, Sergei Lavrov salientou que as forças russas mataram, em Bucha, “terroristas” e “extremistas”, não tendo atingido a população civil. Além disso, o governante russo alegou que, há uns dias, foram transmitidas imagens na televisão ucraniana que mostravam uma situação normal em Bucha, sinalizando que depois Kiev “encenou” o massacre que ocorreu na cidade a 30 quilómetros de Kiev.

“Vamos contra-atacar esta campanha de desinformação”, garantiu o ministro russo, que anunciou uma conferência de imprensa esta segunda-feira para revelar  a “verdadeira natureza” daquilo que aconteceu em Bucha.

Reagindo às palavras do Presidente norte-americano sobre Putin ser um “tipo cruel”, Sergei Lavrov desvalorizou-as, sinalizando apenas que Joe Biden não tem a “consciência tranquila”. O ministro russo também aproveitou para criticar o “mundo unipolar” de Washington: “Podem fazer o querem. Ninguém pode fazer nada contra alguém que esteja a assegurar a segurança das suas próprias fronteiras”. “O Ocidente tratou [esta questão] com arrogância”, acusou o ministro russo, acrescentando, contudo, que a Rússia está “aberta” a uma “conversa” com as potências ocidentais — mas apenas se for “franca”.

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Negociações: Posição da Ucrânia está mais “realista”

Na mesma conferência, Sergei Lavrov indicou que a posição ucraniana nas negociações está mais “realista”. “Finalmente emerge algum realismo no caminho de providenciar segurança à Ucrânia.” O ministro dos Negócios Estrangeiros revelou que as duas delegações estão perto de um acordo no que diz respeito ao “estatuto de neutralidade” da Ucrânia, sendo que Kiev nunca deverá aderir à NATO.

A situação da Crimeia também está a ser discutida, havendo já alguns pontos convergentes, sendo que a situação de Donetsk e Lugansk é mais complicada: “Terá ainda de ser vista”. “Estamos a trabalhar intensamente” nas negociações, assegurou o ministro russo, que afirmou que “há sempre chance” para um acordo, desde que se cumpram os “objetivos” da “operação militar especial”.

No entanto, Sergei Lavrov acusou alguns “atores internacionais” — nunca especificando quais — de tentarem “influenciar a operação”. “Estão tentar que o conflito continue. Sabemos que estão a dar conselhos aos nossos vizinhos ucranianos com objetivos maléficos, que estão contra os interesses do povo ucraniano.”