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Mapa da guerra. O que se sabe sobre o 42.º dia do conflito na Ucrânia

Este artigo tem mais de 2 anos

A invasão russa provocou, até ao momento, a morte de 167 crianças. Há mais de 400 menores feridos. A situação humanitária em Mariupol está a piorar — mais de 1.600 residentes não têm luz ou água.

Bucha
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O massacre em Bucha continua a marcar as notícias ao 42.º dia de guerra na Ucrânia

SOPA Images/LightRocket via Gett

O massacre em Bucha continua a marcar as notícias ao 42.º dia de guerra na Ucrânia

SOPA Images/LightRocket via Gett

O conflito na Ucrânia entrou esta quarta-feira no seu 42.º dia. As notícias continuam a ser marcadas pelo massacre na cidade de Bucha, esta terça-feira condenado “inequivocamente” pela Índia, na primeira tomada de posição abertamente contrária à da Rússia, um velho aliado. A Índia mostrou ainda o seu apoio à abertura de um inquérito, salientando, através do seu embaixador nas Nações Unidas, que a situação na Ucrânia não tem melhorado desde a última vez que o Conselho de Segurança do organismo discutiu o caso, sobretudo a nível humanitário.

Relativamente à movimentação das tropas russas e ucranianas, o mapa do conflito mostra que a Rússia continua a pressionar as zonas costeiras e a sul. Segundo a mais recente atualização do Ministério da Defesa ucraniano, os bombardeamentos e combates em Mariupol, junto ao Mar Negro, continuam, com o objetivo de fazer colapsar as forças de defesa. Enquanto isso, a situação humanitária na cidade vai-se deteriorando — há mais de 1.600 residentes sem luz, água ou medicamentos.

Aqui fica um ponto de situação para ficar a par do que aconteceu nas últimas horas. Pode também seguir os desenvolvimentos, minuto a minuto, no liveblog do Observador, aqui.

ANA MARTINGO/OBSERVADOR

O que aconteceu durante a tarde e a noite?

  • Os Estados Unidos e do Reino Unido anunciaram mais um pacote de sanções à Rússia. O Presidente ucraniano agradeceu, mas disse que não “eram suficientes” perante o “mal que o mundo viu em Bucha”.
  • As negociações entre a Rússia e a Ucrânia continuam apesar das alegações que dão conta de crimes de guerra na sequência do que aconteceu em Bucha. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o massacre de Bucha, que chamou de “encenação”, dificultaram as negociações e “que há um caminho bastante longo pela frente”.
  • Jens Stoltenberg considerou que, “independentemente de quando a guerra vai acabar”, a invasão da Ucrânia “tem implicações a longo prazo” para a segurança da NATO, mas garantiu que a organização está preparada para defender o seu território.
  • O secretário-geral da NATO agradeceu a presença do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, na reunião de hoje e da amanhã da organização militar. “Obrigado por tudo, por ajudarem a Ucrânia e pela presença.”
  • A Hungria está disposta a pagar rublos pelo gás russo, rompendo assim com a União Europeia que procura uma frente unida para se opor à exigência de Moscovo.
  • A Casa Branca confirmou hoje as sanções às filhas de Vladimir Putin — Marina Putina e Katerina Tikhonova. A mulher e a filha do ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, também foram sancionados.
  • A Ucrânia garante que mais de 400 habitantes terão desaparecido da cidade de Hostomel, que esteve sob controlo russo durante 35 dias, desde o início da invasão da Ucrânia.
  • A Rússia está a “avaliar” as decisões dos países europeus (como Portugal) que decidiram expulsar os seus diplomatas dos respetivos territórios. O ritmo das expulsões aumentou especialmente esta semana, depois de as imagens de Bucha terem vindo a público, e Portugal juntou-se a esse lote, declarando 10 elementos da embaixada russa em Lisboa persona non grata.
  • O oligarca russo exilado devido a divergências com o Kremlin, Mikhail Khodorkovsky, disse que os próximos alvos da Rússia deverão ser os Países Bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia), Estados-membros da NATO e da União Europeia.
  • Joe Biden denunciou hoje os “horríveis crimes de guerra” que aconteceram em Bucha, nos arredores de Kiev.
  • O ministério da Defesa russo acusou a Ucrânia de planear uma operação de bandeira falsa com o intuito de depois culpar a Rússia pelo alegado uso de armas químicas em território ucraniano.
  • A Rússia estará a substituir as autoridades locais de Enerhodar, cidade que fica perto da central nuclear de Zarporíjia, por “autoridades amigas do regime”.
  • O Parlamento ucraniano vai pedir aos deputados de outros países e à comunidade internacional que reconheçam “os crimes de guerra da Rússia como genocídio do povo ucraniano”.
  • Os Estados Unidos acreditam que vai haver mais massacres como o que aconteceu na cidade de Bucha e que não deve haver ilusões quanto aos objetivos de Vladimir Putin, que não terão mudado.
  • Durante uma entrevista a um canal turco, Volodymyr Zelensky disse acreditar que a Rússia está a bloquear os corredores humanitários em Mariupol para que “o mundo não veja” o que se passa na cidade mais afetada pelos bombardeamentos russos. O Presidente ucraniano acusou mesmo Vladimir Putin de estar a esconder milhares de corpo naquela localidade ucraniana.
  • O balanço do dia feito pelas autoridades ucranianas aponta para a saída de 4.982 civis ucranianos de cidades evacuadas, através de corredores humanitários.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, vai pressionar os parceiros da NATO e do G7 para enviarem todas as “armas necessárias” para o país se poder defender.
  • Por cá, João Gomes Cravinho não desmentiu que os dez funcionários da embaixada russa sejam espiões, referindo que “estavam a desenvolver atividades contrárias à segurança nacional”, algo que era “contraditório com o estatuto diplomático”.

O que aconteceu durante a manhã?

  • O presidente da câmara de Mariupol denunciou que o exército russa está a usar crematórios portáteis para queimar os corpos das vítimas dos seus ataques. Segundo Vadym Boychenko, os russos têm brigadas especiais responsáveis por recolher e cremar os corpos. “O mundo não vê uma tragédia à escala da de Mariupol desde o tempo dos campos de concentração”, declarou Boychenko.
  • Pelo menos dois civis morreram na sequência de um ataque a um ponto de ajuda humanitária na cidade de Vuhledar, na região de Donetsk, disse o governador regional. Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas.
  • O Papa condenou “o massacre de Bucha” e apelou ao fim da guerra. Durante a audiência semanal na Cidade do Vaticano, Francisco segurou uma bandeira ucraniana que lhe foi enviada da cidade perto de Kiev: “Esta bandeira vem da guerra, vem daquela cidade martirizada, Bucha”, disse o Pontífice, de acordo com o Catholic News Service.
  • O Parlamento português aprovou por unanimidade o endereçamento de um convite a Volodymyr Zelansky para participar numa sessão.
  • Zelansky acusou a Rússia de estar a usar a fome como “arma”, apelando ao ocidente que aplique sanções “mais rígidas” contra Moscovo. Lembrando que “a Ucrânia é um dos principais fornecedores de alimentos”, o Presidente defendeu que a guerra vai provocar “escassez de alimentos” e que “os preços vão subir”. “Esta é a realidade para milhões de pessoas que passam fome e para as quais será mais difícil alimentar as famílias”, disse, num discurso dirigido ao parlamento irlandês.
  • O The Wall Street Journal noticiou que as novas sanções europeias, que serão adotadas em resposta ao massacre de Bucha, deverão incluir as filhas de Putin. O jornal, que citou fontes diplomáticas com conhecimento das negociações, não conseguiu apurar se as sanções serão dirigidas às filhas do Presidente russo com a ex-mulher Lyudmila Putina ou a outras eventuais filhas de Putin.
  • O The Financial Times avançou que a União Europeia está a ponderar acrescentar à lista de oligarcas russos sancionados o diretor do Sberbank, Herman Gref, e os empresários Oleg Deripaska e Boris Rotenberg. Este último é um dos sócios maioritários do SGM group, a maior construtura de gasodutos da Rússia.
  • Ainda sobre as sanções da União Europeia, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse estas deverão abranger, “mais cedo ou mais tarde”, importações de petróleo e gás russo.
  • A Sogrape, a terceira maior exportadora portuguesa para o país de Vladimir Putin, suspendeu as importações para a Rússia e a Bielorrússia. Em causa está o “movimento global da sociedade contra este conflito”.
  • Os Países Baixos apreenderam 14 iates de oligarcas russos que estão em estaleiros, revelou o ministro dos Negócios Estrangeiros, no mesmo dia em que a Grécia se juntou à lista de países que decidiram expulsar diplomatas de nacionalidade russa. Segundo a informação divulgada pelo governo russo, foram expulsos 12 funcionários de embaixadas por não terem agido de acordo com as normas internacionais.
  • As forças russas controlam 60% da cidade de Rubizhne, na região de Luhansk, que há 24 horas está sob ataque. A informação foi avançada pelo governador de Luhansk, Serhiy Gaidai.

O que aconteceu durante a madrugada?

  • Os procuradores ucranianos estão a investigar 4.684 crimes de guerra alegadamente cometidos pelas tropas russas durante a invasão do território da Ucrânia, refere o The Guardian.
  • A invasão provocou, até ao momento, a morte de 167 crianças. Mais de 446 menores foram feridos durante o conflito, 279 dos quais com gravidade, informou a Procuradoria-Geral da Ucrânia, esta quarta-feira de manhã.
  • A situação humanitária em Mariupol está a piorar. De acordo com a mais recente atualização do Ministério da Defesa britânico sobre a situação na Ucrânia, mais de 1.600 residentes estão sem luz, comunicações, medicamentos, aquecimento ou água. “As forças russas bloquearam o acesso humanitário, provavelmente para levar os defensores a render-se”, disse o governo britânico, que adiantou ainda que os bombardeamentos e lutas continuam na cidade.
  • Três hospitais foram bombardeados nos últimos dois dias em Mykolaiv, revelaram os Médios Sem Fronteiras (MSF). Michel-Olivier Lacharité, responsável da missão dos MSF na Ucrânia, adiantou à BBC que os hospitais ficam em zonas residenciais.
  • As forças russas dispararam um míssil contra a refinaria de petróleo em Dnipropetrovsk Oblast durante a noite. O depósito foi destruído e a refinaria ficou danificada, informou o Exército ucraniano.
  • O autarca de Bucha revelou à BBC que cerca de 320 civis foram mortos por tropas russas. Anatoly Fedoruk confessou ter assistido a várias execuções e que os políticos da cidade foram perseguidos pelos ocupantes. “Houve três carros civis que estavam a tentar deixar a cidade e [os seus ocupantes] foram brutalmente abatidos. O marido de uma mulher grávida estava a gritar para não a matarem e mesmo assim eles abateram-na brutalmente”, disse Fedoruk.

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