“É ridículo! Sanções progressivamente mais duras não vão funcionar com Putin”, disse o eurodeputado Guy Verhofstadt, olhos nos olhos, ao chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell. O discurso tornou-se viral nas redes sociais, nos últimos dias, com o belga a acusar a Alemanha de “arrastar os pés” e considerar “ridículas” as novas sanções que não foram muito além da proibição das importações de carvão russo (que vale apenas 3% das importações europeias vindas da Rússia).
“Pacotes de sanções progressivas não funcionam quando estamos perante um autocrata. Isso funciona quando estamos a lidar com uma democracia, onde há uma verdadeira opinião pública. Na Rússia, já não há uma verdadeira opinião pública”, afirmou Guy Verhofstadt, ao estilo animado e frontal que lhe é característico.
Além de considerar “ridículas” as sanções económicas e financeiras, o eurodeputado lamentou que se continue sem penalizar verdadeiramente os oligarcas russos e “as 6.000 pessoas que trabalham verdadeiramente com Putin” – “nós sabemos quem elas são, temos a lista, [o opositor russo] Alexei Navalny fez essa lista“.
“São essas pessoas que é necessário penalizar”, atirou o eurodeputado belga.
Your strategy of incremental sanctions doesn’t work. Cannot work…
That’s why 212 members of Parliament demand a special #EUCO meeting to decide on full sanctions immediately!
My speech???????? pic.twitter.com/MFCtmboaf4
— Guy Verhofstadt (@guyverhofstadt) April 6, 2022
Guy Verhofstadt terminou com um pedido: “É hora de mudar a estratégia. É tempo de marcar um novo Conselho Europeu o mais rapidamente possível, para avançar imediatamente para o pacote total de sanções“, o que incluiria a proibição das importações russas de petróleo e gás natural.
“Tudo o resto, que não seja isso, apenas irá prolongar a guerra. Apenas irá resultar em mais matanças de ucranianos”, atirou Guy Verhofstadt, terminando o discurso dizendo que “depois dos horrores da Segunda Grande Guerra, emergiu uma Alemanha forte e democrática. É dessa Alemanha que esperamos liderança, não um arrastar dos pés como aquele que estamos a ver hoje em dia“.