O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi disse estar “profundamente dececionado e magoado com o comportamento de Vladimir Putin”, de quem sempre foi muito próximo.
“Não posso e também não quero esconder que estou profundamente dececionado com o comportamento de Vladimir Putin, que assumiu uma responsabilidade muito séria perante todo o mundo”, disse Berlusconi, durante uma reunião pública, em Roma, do partido de direita Forza Itália, que faz parte da coligação de apoio ao Governo liderado por Mario Draghi.
“Conheço-o há 20 anos e ele sempre me pareceu um democrata e um homem de paz”, acrescentou o empresário e político de 85 anos, que foi três vezes chefe de Governo, entre 1994 e 2011.
Até este sábado, Berlusconi tinha-se abstido de criticar publicamente Putin.
Quando estava no poder, Berlusconi manteve laços de amizade pessoal com o Presidente russo, chegando a convidá-lo para passar férias na sua luxuosa mansão na Sardenha.
“Perante o horror dos massacres de civis em Bucha e em outras localidades, verdadeiros crimes de guerra, a Rússia não pode negar as suas responsabilidades”, denunciou Berlusconi.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.626 civis, incluindo 132 crianças, e feriu 2.267, entre os quais 197 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.