A população de Xangai voltou a mais um confinamento, mas, desta vez, as regras definidas pelas autoridades de saúde estão a impedir os moradores de aceder a bens essenciais, como comida. É que uma das restrições em vigor impede a saída de casa para ir ao supermercado e estão a registar-se dificuldades nas encomendas de água e alimentos, através das plataformas online. Vários voluntários disponibilizaram-se para entregar compras de bens essenciais, mas essa solução de recurso também não estará a ser suficiente para dar resposta às necessidades verificadas pela população de Xangai.
As autoridades de saúde não anunciaram quando é que as medidas restritivas vão ter fim, tendo em conta que o número de infeções tem aumentado nos últimos dias e Xangai tem sido a cidade da China com mais novas infeções diárias. Aliás, de acordo com a informação avançada pela Reuters, o relatório deste sábado aponta para mais de 22 mil casos assintomáticos e pouco mais de mil casos positivos acompanhados de sintomas. Também esta semana, enquanto o número de novos casos aumentava, foi detetada uma nova subvariante da Ómicron (BA.1.1) em Suzhou, uma cidade perto de Xangai.
Na cidade de Xangai, as autoridades de saúde estão a testar uma estratégia “Covid zero”, tal como noutras cidades do país. Neste contexto, o objetivo é diminuir, no menor período possível, o número de casos positivos, algo que passa por implementar novos confinamentos e pelo encerramento de todos os estabelecimentos comerciais e de ensino. Além disso, há um programa de testagem massiva para detetar e isolar as infeções.
Na semana passada, quando foi decretada quarentena obrigatória, a cidade de Xangai foi dividida por zonas, de acordo com o número de infeções. No entanto, uma vez que os casos não pararam de aumentar, as restrições foram estendidas, de forma uniforme, à cidade inteira. De acordo com os testemunhos partilhados nas redes sociais, antes era possível sair do respetivo prédio para receber entregas, mas agora já não é permitida a saída “da porta do apartamento”.
Day 22 of my Shanghai Covid lockdown
As we feared yesterday, we have new restrictions
Before we were allowed to leave our building (but not community) to get deliveries – no more; now we are not allowed out of our apartment door
— Jared T Nelson (@JaredTNelson) April 9, 2022
Nesta cidade vivem mais de 25 milhões de pessoas, que dependem agora de voluntários que entregam carne, ovos e vegetais. Além dos relatos de pessoas que não estão a conseguir ter acesso a alimentos, existe ainda a questão de quem testa positivo não poder cumprir quarentena em casa, mesmo que os sintomas sejam leves ou inexistentes. Nestas situações, as pessoas infetadas têm de isolar-se em instalações específicas, determinadas pelas autoridades de saúde.
O facto de não ser possível cumprir quarentena provocou outro problema, que entretanto foi resolvido. Esta semana, os pais que têm de fazer isolamento nos centros específicos podem agora levar os seus filhos, mesmo que estes não estejam doentes.