São cartas que “não deviam ter de ser escritas”, mas foram. O embaixador da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, partilhou na segunda-feira as palavras que um menino de nove anos escreveu para a mãe, que morreu vítima da guerra.

“Mamã, esta carta é o meu presente para ti no Dia da Mulher, a 8 de março. Obrigada pelos melhores nove anos da minha vida. Obrigada pela minha infância. És a melhor mamã do mundo. Nunca te vou esquecer. Desejo-te boa sorte no céu. Desejo que chegues ao paraíso. Vou tentar portar-me bem para ir também para o paraíso”, leu Kyslytsya, em inglês, perante o Conselho de Segurança.

O embaixador ucraniano, citado pela CNN, disse que a mãe do menino foi morta por soldados russos quando os dois tentavam escapar de carro de uma cidade ocupada pelas forças russas. O menino ficou no carro até ser resgatado por residentes.

“Estas cartas não deviam ter de ser escritas. Se são, quer dizer que algo correu terrivelmente mal, incluindo aqui nas Nações Unidas”, afirmou Kyslytsya, apontando para falhas no “mecanismo de manutenção internacional da paz e segurança”, que “devem ser resolvidas”.

“Mas podem ser resolvidas enquanto a Rússia é autorizada a usar os direitos de um membro permanente? Se não somos capazes de travar o Kremlin, mais crianças vão tornar-se órfãs, mais mães vão perder os seus filhos”, alertou o embaixador ucraniano.

O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se na segunda-feira para ouvir relatos sobre o impacto do conflito em mulheres e crianças. No seu discurso, Kyslytsya acusou também a Rússia de sequestrar 121 mil crianças ucranianas desde o início da guerra, e disse que a maioria destes menores são órfãos. Alertando que este comportamento viola leis e convenções internacionais, o embaixador afirmou ainda que a Rússia está a preparar uma lei para “simplificar e acelerar os procedimentos para a adoção de crianças ucranianas sequestradas”.

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