Na habitual mensagem gravada, o Presidente da Ucrânia descreve a situação no sul e no leste do país como “ainda muito difícil”. Nesses locais, a Ucrânia está “longe” de poder falar em “recuperação”.

“No sul e no leste do país, a situação ainda é muito difícil, longe de podermos falar em recuperação”, defendeu, na noite desta sexta-feira. Nos distritos ocupados das regiões de Kherson e Zaporíjia, “os militares russos continuam a aterrorizar civis”. “Estão à procura de qualquer pessoa que tenha estado associada ao exército ucraniano ou às agências governamentais”, denuncia.

“Os ocupantes pensam que isso vai de alguma forma facilitar-lhes o controlo do território. Mas estão errados”, acrescenta, defendendo que a Rússia está cada vez mais isolada. “A Rússia perdeu a Ucrânia para sempre. Aliás, perdeu todo o mundo. Não será aceite em lado nenhum nunca mais.”

Zelensky aponta ainda a “crueldade” com que as tropas russas estão “a tentar conquistar” as regiões perto do Mar de Azov, Donbass e Kharkiv. Mas dá conta dos esforços de reconstrução noutras zonas do país. Diz o Presidente ucraniano que 918 povoações “já foram desocupadas” e que as forças do país estão a desminar o território, a restaurar o fornecimento de eletricidade, água e gás, a reconstruir estradas e caminhos de ferro. Por exemplo, a partir de sábado, a ligação entre Chernihiv e Nizhyn será restabelecida, além de que há já comboios a sair das cidades da região de Sumy, que foi alvo de bombardeamentos.

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Já sobre Mariupol, assegura: “Estamos a fazer o que conseguimos para salvar as nossas pessoas”:

Quatro em cinco empresas ucranianas retomaram a atividade em zonas seguras

Volodymyr Zelensky informa ainda que teve esta sexta-feira uma reunião com representantes do governo, na qual tomou nota que quatro em cinco empresas ucranianas voltaram ao trabalho em áreas seguras, o que inclui sobretudo empresas de indústria pesada. Além disso, as redes de transporte estão a ser reconstruídas e o comércio e os serviços mostram um “bom desempenho”.

O Presidente ucraniano agradeceu aos empresários e trabalhadores que continuam atividade e pede: “Não importa o que aconteça, em todas as cidades e comunidades onde não há ocupantes nem hostilidades, é necessário restaurar a economia ao máximo”.

O discurso é também dirigido aos parceiros internacionais. Diz que as forças armadas estão a “repelir os ataques dos invasores” e a levar a cabo contra-ataques.  “O sucesso dos nossos militares no campo de batalha é muito significativo. Historicamente significativo. Mas ainda não é suficiente para limpar a nossa terra dos invasores.”

Zelensky voltou a pedir um reforço das sanções, que, embora reconheça que sejam “significativas”, “ainda não são suficientes” para parar a “máquina militar russa”. “Se alguém pergunta [se a guerra vai durar] ano ou anos, eu respondo: vocês podem encurtar a guerra. Quanto mais e mais cedo conseguirmos todas as armas que pedimos, mais forte a nossa posição será e mais cedo chega a paz”, disse, apelando a mais ajuda financeira, um “embargo ao petróleo” russo e o “bloqueio completo do setor financeiro” do país.

Quanto ao pedido de adesão à UE, indica que o “trabalho está quase completo”. “Iremos em breve dar respostas aos representantes da UE”, indica, depois de a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leye, ter entregue ao país um questionário que têm de preencher para o processo adesão.