Os construtores germânicos têm apostado fortemente em mecânicas híbridas plug-in (PHEV), como forma de respeitar os limites de emissões de CO2 impostos pela União Europeia, mas sem investir (tão depressa) em veículos eléctricos com plataformas específicas, bem como em fábricas novas para os produzir. Apesar desta estratégia ser mais evidente na BMW e na Mercedes, há muitas marcas do Grupo Volkswagen a apostar nos PHEV para manter as emissões médias da gama abaixo dos 95g de CO2/km a que estão obrigadas até 2025, apesar deste ser o grupo que mais está investir na mobilidade eléctrica. Mas o Governo alemão prepara-se para elevar a fasquia, já no final deste ano.

De acordo com a Automotive News, o ministro da Economia e vice-chanceler alemão, Robert Habeck, quer retirar todos os subsídios para os PHEV no final de 2022, bem como começar a reduzir os incentivos à compra de veículos eléctricos em 2023.

Nenhuma das medidas surge como uma surpresa, especialmente em relação aos PHEV, uma vez que há estudos – confirmados pelos dados registados automaticamente por todos os veículos novos vendidos a partir de Janeiro de 2021 – que apontam para a má utilização deste tipo de mecânicas. As baterias não são recarregadas regularmente, como era suposto, o que leva a que os consumos e as emissões reais sejam muito superiores aos que lhes são atribuídos pelo sistema WLTP, cujos valores são calculados e declarados pelos construtores.

De acordo com a proposta avançada pelo Governo alemão, os PHEV recebem actualmente 4500€, apoio que desaparecerá no final deste ano. Já os veículos 100% eléctricos, que hoje recebem ajudas de 6000€, deverão ver os incentivos cair para 4000€, em 2023, e para 3000€, em 2024.

O responsável pela Associação da Indústria Automóvel alemã (VDA), Hildegard Mueller, veio a público defender os argumentos dos seus associados, alegando que “os PHEV serviram como pioneiros para a transição rumo à mobilidade eléctrica” e que o retirar dos subsídios poderá “colocar em causa o aumento da mobilidade eléctrica”.

O Governo alemão, como muitos outros especialistas do sector, defende exactamente o contrário, uma vez que embora os PHEV sejam efectivamente uma solução alternativa aos veículos 100% eléctricos, para quem não tem acesso a uma rede eficaz de carga, são sobretudo a forma encontrada por alguns construtores para cumprirem os limites de emissões sem terem de investir em eléctricos eficientes, tornando-os mais acessíveis.

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