O movimento radical islâmico Al-Shabab reivindicou o ataque com morteiros perpetrado nesta segunda-feira durante uma reunião do parlamento da Somália, em Mogadíscio, que visava desbloquear o impasse vigente na nomeação de um novo Presidente da República.
A sessão parlamentar estava a ser transmitida pela televisão no momento em que ocorreram as explosões, que provocaram vários feridos, nenhum deles deputado.
Os estilhaços atingiram zonas do complexo fortificado do aeroporto, situado muito perto do parlamento, disseram autoridades e uma testemunha.
“Ainda não temos muitas informações, mas as explosões terão sido causadas por morteiros. Os deputados estavam dentro do prédio quando o ataque ocorreu. Estão sãos e salvos”, disse à agência France-Presse (AFP) um funcionário de segurança sob condição de anonimato.
“Eu estava na área quando os morteiros caíram do lado de fora do prédio onde os parlamentares estavam reunidos, várias pessoas ficaram levemente feridas numa das explosões”, disse a testemunha Abdukadir Ali.
Os parlamentares deveriam definir as datas dos escrutínios para nomear os presidentes das duas câmaras legislativas, o próximo passo de um processo muitas vezes adiado para a eleição de um novo Presidente da República.
A câmara alta votará em 26 de abril e a câmara baixa no dia seguinte para nomear os respetivos líderes, anunciaram as autoridades.
Os novos membros do Senado e da Assembleia Popular tomaram posse nesta quinta-feira após uma eleição caótica, marcada pela violência e pela disputa de poder entre o Presidente em exercício e o primeiro-ministro.
O Al-Shabab, ligado à Al-Qaida e que lidera um combate armado contra o Estado somali há mais de uma década, reivindicou a responsabilidade pelo ataque num breve comunicado.
Os extremistas islâmicos, expulsos das principais cidades do país, incluindo a capital, Mogadíscio, em 2011, continuam ativos em vastas áreas rurais e nos últimos meses intensificaram os ataques.
Em 24 de março, um ataque ao aeroporto de Mogadíscio, considerado o local mais seguro do país, provocou a morte de três pessoas e no centro do país, um duplo ataque provocou 48 mortos.
A missão da ONU na Somália condenou o ataque de morteiro, e garantiu apoiar “firmemente os somalis nos seus esforços para concluir o processo eleitoral e avançar nas prioridades nacionais”.
Sob o complexo sistema eleitoral da Somália, que já está com mais de um ano de atraso, assembleias estaduais e delegados de inúmeros clãs escolhem os legisladores que, por sua vez, nomeiam o Presidente da República.