Ilya Samoilenko, um soldado do Batalhão Azov que faz parte da resistência ucraniana em Mariupol, desmente Vladimir Putin e diz que a cidade portuária “ainda não está dominada”. Esta quinta-feira, Putin dizia que os russos já tinham o controlo de Mariupol, essencial para a estratégia de Moscovo. Mas, num vídeo enviado ao Observador, o militar, que está no local, garantiu que as forças ucranianas “continuam a lutar”, tendo destruído no mesmo dia “um tanque, dois veículos blindados e um veículo blindado de transporte de pessoal”. “O número de danos” às tropas russas “vão aumentar”, assegura.

No vídeo, Ilya Samoilenko descreve a situação em Mariupol como “muito perigosa” e diz que “todos os dias” corre o risco de ser “morto ou alvejado”. “Os civis ainda estão em perigo”, alerta, sublinhando que permanecem milhares na cidade, alguns na fábrica siderúrgica de Azovstal. Segundo o militar, o batalhão está “a fazer de tudo” para proteger esses civis, rejeitando por completo a possibilidade de as forças ucranianas estarem a usá-los como escudos humanos: “É mentira”.

Num ponto de situação sobre o que se passa, nesta altura, na cidade, o soldado garante que “pelo menos 20 mil pessoas já morreram em Mariupol”, classificando o que a Rússia está a fazer na cidade portuária como um “genocídio”e uma “operação precisa para matar o maior número de ucranianos possível”: “Não se incomodam com a variedade de métodos, eles usam tudo o que está ao seu alcance”.

Os soldados russos estarão a usar “toda a variedade de armas”, quer em Mariupol, quer noutros locais da Ucrânia: “Pequenas armas regulares, como as AK-47, mísseis e artilharia naval e aérea”, diz Samoilenko.

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“A novidade dos últimos dias foi o uso de bombardeiro estratégico”, que é “muito destrutivo”. “Não se consegue escolher o local onde a bomba vai cair”, explica, concluindo que a Rússia é “cobarde” e que, se as tropas russas tivessem “10% da coragem” dos ucranianos, não lutariam com “artilharia pesada”: “Não é uma luta justa”.

De acordo com o elemento do Batalhão Azov, além dos bombardeamentos, a estratégia da Rússia passa também por “cortar o abastecimento de água e comida”, de forma a conseguir levar a população a aceitar o seu domínio. Ilya Samoilenko denuncia ainda que, também em Mariupol, Moscovo está a “capturar civis” e a “deportá-los para território russo”. “Pelo menos quinhentas mil pessoas nas regiões de Lugansk e Donetsk foram deportadas”, diz, num método que considera “inapropriado e inaceitável, uma vez que as pessoas estão a ser deportadas à força.”

O soldado reconhece que a Ucrânia precisa de “ajuda” para travar a ofensiva russa, e envia uma mensagem “ao mundo livre”:

“Parem a Rússia. (…) A melhor maneira de o fazer é manter a Ucrânia segura. Como é que se pode fazer isso? Partilhem as vossas armas connosco. (…) Precisamos de artilharia pesada, sistemas de defesa aérea, tanques, armas pequenas, artilharia.”

Só com todo este arsenal, prevê Ilya Samoilenko, “os apetites imperialistas [da Rússia] vão parar e não serão mais uma ameaça para o mundo livre”. “A Ucrânia não está a lutar apenas por si, está a lutar pela liberdade”, diz, garantindo: “A Ucrânia vai ganhar”.