Um total de 412 corpos foram recolhidos e exumados na cidade ucraniana de Bucha, na região de Kiev, depois da retirada das tropas russas, disse este sábado o presidente da câmara local, Anatoly Fedoruk.
“Em Bucha, terminou um processo importante e difícil, a recolha e exumação dos corpos dos assassinados e mortos no território da comunidade de Bucha. O número que temos hoje é de 412”, escreveu o autarca na rede social Facebook.
Anatoly Fedoruk acrescentou que os investigadores e peritos “que trabalham sem descanso” na cidade confirmarão os números.
Segundo o autarca, uma em cada três pessoas mortas na região de Kiev durante o ataque militar russo é de Bucha.
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Fedoruk afirmou que foram retirados de uma vala comum próxima de uma igreja 117 corpos, entre eles, 30 de mulheres e dois de crianças.
“Há mortos, assassinados e torturados pelos ocupantes, há corpos de civis queimados. Há doentes do hospital que não puderam ser enterrados depois de 24 de fevereiro [dia do início da invasão da Ucrânia pela Rússia] porque os russos não permitiram que o serviço funerário entrasse no cemitério”, escreveu, citado pela agência de notícias EFE.
Fedoruk sublinhou que a missão que se segue é a identificação de todas as vítimas e o posterior enterro.
Após a retirada das tropas russas da zona de Kiev para o Leste do país, foram divulgadas imagens, no início deste mês, de corpos nas ruas de Bucha e de valas comuns.
A Ucrânia acusou as forças invasoras de crimes de guerra e Moscovo disse tratar-se de uma encenação para virar o mundo contra a Rússia.
A comunidade internacional falou em “barbárie”, “ataques desprezíveis” ou “assassinatos chocantes e horríveis”.
Para memória futura e possíveis processos, Kiev divulgou os dados dos 1.600 soldados russos que estiveram em Bucha.
Com as denúncias sobre Bucha (a que se seguiram Borodyanka, Chernihiv, Sumy, Kharkiv, Manhush), a Rússia foi suspensa do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) e o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, está a investigar possíveis crimes.
Numa visita a Bucha, o procurador-chefe do TPI, o britânico Karim Khan, descreveu a Ucrânia como um “cenário de crime”, onde é preciso “atravessar a névoa da guerra para se chegar à verdade”.
Na sexta-feira, uma porta-voz das Nações unidas disse que a ONU documentou “assassínios, incluindo por execução sumária” de 50 civis em Bucha, sublinhando que as ações da Rússia na Ucrânia podem “constituir crimes de guerra”.
A Rússia iniciou a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para fora do país, de acordo com a ONU – a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).